Apoie o DCM

Ex-mulher de Bolsonaro intermediou cargo na Saúde, mostram mensagens

Ana Cristina Siqueira Valle. Foto: Reprodução/Facebook

Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), aparece em mensagens suspeitas em celular.

LEIA MAIS:

1 – Atriz Isabelle Drummond é acusada de alugar casa e construir igreja no quintal sem autorização

2 – Relembre o caso que levou Flordelis para a cadeia

Ex-mulher de Bolsonaro como intermediária

Algumas mensagens de um celular apreendido em uma investigação do MPF e compartilhadas com a CPI da Covid revelam que Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, atuou para emplacar uma indicação. Era para um instituto ligado ao Ministério da Saúde a pedido de um advogado. Num dos diálogos, Ana Cristina diz que uma das nomeações ficaria “na conta de Renan”.

Fez alusão a seu filho Jair Renan, conhecido como o 04 do presidente.

Esses registros das mensagens de Ana Cristina foram encontrados no celular do advogado Marconny Albernaz de Faria. O aparelho foi apreendido durante a Operação Hospedeiro. Ela foi deflagrada em outubro de 2020 para apurar suspeita de desvio de recursos do Instituto Evandro Chagas (IEC). O órgão é ligado ao Ministério da Saúde no Pará e é referência em pesquisa de doenças infectocontagiosas.

À época da investigação, Marconny assessorava o ex-diretor do IEC. Por isso, entrou na mira do MPF. Ao identificar mensagens de servidores do ministério investigados pela CPI, compartilharam o material com a comissão.

De acordo com as mensagens, Marconny foi procurado por Marcio Roberto Nunes, ex-diretor substituto do IEC, para ajudar na nomeação de Jorge Travassos como diretor do órgão. O advogado recorreu a contatos que tinha em Brasília. Em troca desse serviço, segundo diálogos em posse do MPF, ele era remunerado. Em 19 de julho de 2020, Marconny e Ana Cristina almoçaram em Brasília. Após o encontro, o advogado enviou por mensagem a ela um link para uma reportagem sobre uma investigação envolvendo o IEC. No dia seguinte, Ana Cristina respondeu: “Boa tarde, meu amigo, estive com o Jorge passei o caso prometeu que cair (sic) ver com carinho e coloquei na conta do Renan tbm agora vou esperar um pouco e cobrar ok bj (sic)”.

Jair Renan, o 04, aparece também

Apesar de Ana Cristina não mencionar o sobrenome de “Jorge”, as mensagens em posse do MPF mostram que, em outra ocasião, a ex-mulher do presidente e Marconny recorreram a uma pessoa chamada de “Min Jorge” que usaria o e-mail “[email protected]”. Amigo da família Bolsonaro e hoje ministro do TCU, Jorge Oliveira comandava, à época, a Secretaria-Geral da Presidência.

As mensagens também mostram que Jair Renan e Marconny tinham relação próxima. Eles trocaram mensagens entre 18 de dezembro de 2019 e 23 de outubro de 2020, quatro dias antes de a PF apreender o celular do advogado. Em uma delas, o filho do presidente falou sobre “abrir um processo para registrar a marca no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) marcas e patentes abrir o MEI como micro empreendedor (sic)”. Marconny respondeu: “Temos que marcar uma reunião, para me dizer o que está precisando. Borá marcar na segunda (sic)”.

Dois meses depois, o filho do presidente abriu a empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia. Ela é sediada em um escritório no Estádio Mané Garrincha. A ideia era fornecer “serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas”. A relação de Jair Renan com os seus parceiros comerciais é investigada pelo MPF e pela PF. O “Zero Quatro” é suspeito de atuar para que um empresário conseguisse uma reunião com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

Com informações de O Globo.

Ana Cristina Valle e seu ex-marido Jair Bolsonaro