Exército ‘abandona’ cloroquina para Covid e muda destino de remédio

Em estoque no Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército (LQFEx), no Rio de Janeiro, atualmente, são armazenados 291 mil comprimidos de cloroquina 150 mg, com validade até junho de 2022.
Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx), a distribuição de cloroquina não aconteceu ao longo deste ano, devido à falta de finalidade para o uso do medicamento.
Os comprimidos serão então distribuídos para regiões endêmicas de malária e demais indicações constantes da bula do medicamento. A informação foi revelada pelo Exército à CNN Brasil, na segunda-feira (04).
Tendo como base o histórico da malária no Brasil, o Ministério da Saúde afirma que 99% dos casos da doença estão concentrados na região da Amazônia Legal, no norte do país.
O governo distribuiu 482 mil doses do medicamento para tratar pacientes em estado grave de Covid-19. A atribuição aconteceu entre os meses de setembro e final de dezembro de 2020. O remédio tem ineficácia cientificamente comprovada contra o novo coronavírus.
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Malária?
Há cerca de 150 mil casos de malária por ano no Brasil e 90% deles são tratados com a cloroquina 150 mg. A informação é do médico e professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), Marcelo Ferreira.
“O tratamento de um adulto com malária precisa de dez comprimidos de cloroquina 150 mg. Em uma matemática básica; 290 mil comprimidos são capazes de atender a demanda de pelo menos 29 mil pessoas com malária no Brasil”, diz Ferreira.
Marcelo explica ainda que o Exército deve ter sido cotado para produzir uma quantidade grande de cloroquina e a demanda não se concretizou. “O Exército não é o fornecedor habitual de cloroquina para quem, de fato, usa cloroquina em grande quantidade. Que é o programa de malária do Ministério da Saúde. Por um lado, o programa do Ministério da Saúde deve estar comprando dos fornecedores habituais e o Exército não sabe o que fazer com esse material.”, diz.