“Falsa negra”: advogado de Bolsonaro questiona vítima que o acusa de racismo

Réu por racismo e injúria racial, o advogado Frederick Wassef, que defende Jair e Flávio Bolsonaro, disse que a vítima que o acusa dos crimes é uma “falsa negra”. Ele é acusado de ter xingado de “macaca” a atendente de uma pizzaria em Brasília.
Wassef enviou uma mensagem de áudio ao jornalista Guilherme Amado em que critica o inquérito policial. Segundo ele, o documento é “vazio” e só conta com o depoimento da atendente, definida pelo advogado como “branca mentirosa”. Wassef enviou por WhatsApp fotos das redes sociais da família da vítima como o que seriam as provas de que não são pessoas negras.
“[Ela] mentiu porque teve ordens para me incriminar”, disse. “Não sou racista. Abomino todo e qualquer tipo de preconceito e racismo. Essa é minha verdade. A negra não é negra. Não existe negra”.
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O que diz a vítima de Wassef
A atendente Danielle da Cruz de Oliveira afirma que foi ofendida depois que ele reclamou que a pizza não estava boa. O caso, que teria ocorrido no dia 8 de novembro de 2020, foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul, em Brasília, como injúria racial. No registro de ocorrência, consta que no mês anterior o advogado já havia feito outra agressão verbal contra a vítima.
Na época em que fez a denúncia, ela concedeu uma entrevista ao Fantástico. Na ocasião, disse que o advogado de Bolsonaro “gosta de humilhar as pessoas” por ter um alto padrão de vida. “Ele falou que não queria ser atendido por mim porque eu era negra e disse que eu tinha cara de sonsa e não saberia anotar o pedido dele”, relatou.
Frederick alegou que a mulher teria sido cooptada a denunciá-lo pelo gerente da loja, que seria uma pessoa “de esquerda” que “não gosta do Bolsonaro”. De acordo com Wassef, todas as testemunhas do processo foram “plantadas” e o único contato que teve com a atendente foi feito na hora de pagar o pedido.
Ele diz que os policiais não teriam feito uma investigação básica após registrar um boletim de ocorrência para apurar a versão da vítima. “Estava tudo encomendado e acertado. De propósito não foram lá”, disse.
Michelle Bolsonaro proibiu entrada do advogado no Palácio da Alvorada
A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, proibiu que Frederick Wassef entre no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência. O comunicado deixou o advogado da família Bolsonaro irritado.
Ele tem reclamado da esposa do chefe do Executivo federal em conversas com pessoas próximas, segundo o colunista Guilherme Amado, no Metrópoles.
Ele é dono da casa em Atibaia (SP) onde o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL), Fabrício Queiroz, foi encontrado pela polícia e preso no âmbito da investigação das rachadinhas.