Faz sentido? Facebook libera elogios a batalhão neonazista ucraniano

Batalhão de Azov nada mais é do que um braço armado do movimento nacionalista branco ucraniano Azov

O Facebook parece estar sendo mais um personagem do conflito entre Rússia e Ucrânia. Depois de informar que os usuários ucranianos podem bloquear suas contas e páginas como medida de segurança, a empresa permitiu, temporariamente, que os internautas elogiem o Batalhão de Azov, grupo paramilitar neonazista. Antes, publicações elogiosas sobre o regimento estavam impedidas de circular devido às polícias da empresa. As informações são do Intercept. 

O chamado Batalhão de Azov nada mais é do que um braço armado do movimento nacionalista branco ucraniano Azov. Com o tempo, no entanto, deixou de atuar como uma milícia voluntária anti-Rússia ao se juntar formalmente à Guarda Nacional Ucraniana em 2014. Em 2016, uma operação realizada no Rio Grande do Sul chegou a identificar ucranianos que tentavam recrutar neonazistas brasileiros para o Batalhão ou Pelotão Azov.

Leia mais:

1- A CIA está municiando o terror neonazista na Ucrânia. Por Branko Marcetic

2- Como uma insurreição na Ucrânia apoiada pelos EUA nos trouxe à beira da guerra

3- Rússia x Ucrânia: EUA cobram que Brasil se posicione sobre conflito

Regimento é conhecido pela ideologia neonazista

Não é difícil perceber a  simpatia do grupo pelo neonazismo. Listamos abaixo algumas das características.

Em primeiro lugar, os soldados de Azov marcham e treinam vestindo uniformes com símbolos do Terceiro Reich.

Além disso, os líderes têm cortejado membros da alt-right e neonazistas americanos.

Por fim, em 2010, o primeiro comandante do batalhão e ex-parlamentar ucraniano, Andriy Biletsky, fez declarações supremacistas.

Na ocasião, ele afirmou que o propósito nacional da Ucrânia era “liderar as raças brancas do mundo em uma cruzada final contra Untermenschen [subumanos] liderados por semitas”.

Facebook está em uma sinuca de bico

Com isso, na avaliação do Intercept, o Facebook está em uma  sinuca de bico. O dilema pode ser definido com a seguinte pergunta:  “o que acontece quando um grupo que você considera perigoso demais para ser discutido livremente está defendendo seu próprio país contra um ataque em grande escala?

Segundo documentos de política interna analisados pelo Intercept, o Facebook “permitirá elogios ao Batalhão de Azov, quando o elogio for explícita e exclusivamente sobre seu papel na defesa da Ucrânia OU sobre seu papel como parte da Guarda Nacional da Ucrânia”. 

Veja alguns dos discursos permitidos pela rede social

Abaixo, podemos consultar alguns exemplos de discursos publicados internamente que o Facebook agora considera aceitável:

“Os voluntários do movimento Azov são verdadeiros heróis, eles são um apoio muito necessário para nossa guarda nacional”; “Estamos sob ataque. Azov tem defendido corajosamente nossa cidade nas últimas 6 horas”; e “Acho que o Batalhão de Azov está desempenhando um papel patriótico durante esta crise”.

Apesar disso, segundo as novas regras, o Batalhão de Azov ainda não pode usar as plataformas do Facebook para fins de recrutamento ou para publicar suas próprias declarações, e que os uniformes e faixas do regimento permanecerão como imagens proibidas de símbolo de ódio, mesmo que os soldados de Azov possam lutar os exibindo.

Juba Maria

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