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Filho de Torquato Jardim, o de Noblat e genro de Jucá organizam festival em Brasília ao custo oficial de R$ 1,8 milhão

 

Do blog Farofafá, de Pedro Alexandre Sanches:

Chamou-se Convenção de Música e Arte, sigla CoMa. Aconteceu em Brasília, Capital do Golpe, entre 5 e 7 de agosto de 2017. Pareceu propício o nome, pelo número assombroso de instituições que, no Brasil pós-golpe, se encontram em estado de coma. De torpor. De anestesia. De ataque epiléptico. De catatonia.

Fui convidado para estar na mesa “Além da crítica cultural”, que trataria do jornalismo musical (um subgênero do jornalismo cultural, subgênero por sua vez do Jornalismo com jotalhão), uma dessas instituições que estão em estado de coma no Brasil pós-golpe – ou nesse caso específico estaria, se não tivesse morrido em algum episódio de uma das várias temporadas passadas.

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Na parte festivalesca da programação, guerrearam por foco, atenção e respeitabilidade nomes que fogem à equação rica-mas-decadente do homem-branco-heterossexual-anglo-saxão: os uruguaios Cuatro Pesos de Propina, os paulistanos periféricos EmicidaFióti Rico Dalasam, o combo mexicano-sorocabano-campinense-matogrossense Francisco el Hombre, o paraense Jaloo, a baiana Larissa Luz, o colombiano Masilva, o capixaba Silva. Na parte palestrística, nossa mesa de debate foi antecedida por outra, denominada “Música como agente de transformação e inclusão social”, destinada a prosear sobre igualdade de gênero, racismo, desigualdade social, homofobia etc.

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A propósito: são três os empreendedores que ergueram a CoMa. Tomás Bertoni (assim como seu irmão Gustavo Bertoni) é, além de integrante da roqueira Scalene, filho de Torquato Jardim (aquele jurista que em 31 de maio foi empossado ministro da Justiça do peemedebista Michel Temer, depois de ter chefiado, para o mesmo Temer, o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle). Diego Marx é produtor da Scalene, integrante de outras bandas de rock e genro do senador também peemedebista Romero Jucá (aquele político que foi apanhado em grampo quando negociava, pré-golpe, “botar o Michel num grande acordo nacional” “com o Supremo, com tudo“).

Completando o trio, André Noblat, também roqueiro na banda Trampa, é filho do jornalista da Globo Ricardo Noblat (aquele cronista político que após uma entrevista observou que o presidente postiço é “um senhor elegante“, e “a senhora dele, também“). Apadrinhada por Paulo Ricardo (intérprete desde 2002 do tema-chave do Big Brother Brasil), a Scalene tirou segundo lugar no reality show musical global  Superstar, em 2015., atrás da dupla baiana Lucas e Orelha.

Sobre a composição de custos da CoMa, os organizadores respondem à solicitação do repórter: “Captamos entre poder público e iniciativa privada R$ 1,34 milhão, e o evento custou R$ 1,8 milhão”.

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