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Grupo de empresários cria frente parlamentar e põe lobby tradicional no chinelo

Flávio Rocha, dono da Riachuelo, um dos líderes: sem nenhum constrangimento. Foto: Reprodução/YouTube

Do jornal O Globo:

Criado em 2018 para dar suporte à tentativa de Flávio Rocha, dono da varejista Riachuelo, de se candidatar à Presidência, um grupo de 300 empresários está se institucionalizando com o objetivo declarado de assumir um maior protagonismo político e furar os canais tradicionais de lobby empresarial hoje comandados por entidades de classe.

Em um movimento turbinado pela crise política que afeta os partidos, eles organizaram uma frente com adesão de 209 parlamentares no Congresso, falam em apresentar projetos em áreas como a tributária e até a segurança pública e eleger representantes nas eleições municipais de 2020. E, em 2022, até um candidato próprio ao Palácio do Planalto.

O Brasil 200, que nas próximas semanas vai virar um instituto, é encabeçado por empresários oriundos de grupos do varejo, como Havan, Polishop, Bio Ritmo, Centauro e Gocil Segurança. No total, as empresas associadas geram, segundo os organizadores, 300 mil empregos diretos e, juntas, têm faturamento estimado em R$ 40 bilhões.

—Queremos ser um think tank (centro de estudos) de produção de política pública, com o diferencial de ter um braço político forte, ter uma atuação ativa em Brasília para que as nossas pautas avancem — afirmou Gabriel Kanner, que trocou a função no grupo Riachuelo, que é de sua família, para presidir o Instituto Brasil 200.

Os empresários do Brasil 200, com algumas exceções, sempre tiveram dificuldades de ter um papel de maior relevância em grandes entidades do setor privado. Representantes de organizações como as federações das indústrias de São Paulo e do Rio (Firjan e Fiesp) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), até então vistas como os canais oficiais entre o setor privado e o público, não escondem o estranhamento em relação ao movimento. Para dirigentes ouvidos pelo GLOBO, uma atuação política mais agressiva e escancarada desagrada a grande parte do empresariado, acostumado, até hoje, a uma articulação de bastidor.

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