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Guedes passa pano para Bolsonaro e diz que inflação é mundial

Guedes afirmou que Banco Central subiu juros para enfrentar a inflação antes de outros países. Foto: Reuters/Adriano Machado

Depois de Bolsonaro (PL) jogar a responsabilidade dos preços dos combustíveis na Petrobras, agora foi a vez de o ministro da Economia, Paulo Guedes, tentar limpar a barra do presidente, nesta sexta-feira (11), ao dizer que o principal calcanhar de Aquiles do governo, a inflação, é um fenômeno mundial e nada tem a ver com o presidente.

“Vejam, a inflação é mundial, não tem nada a ver ‘ah, o governo Bolsonaro’… não, o mundo sofreu um choque adverso”, afirmou. Segundo ele, para atenuar esse choque, o governo reduziu seu déficit fiscal e está cortando tributos. Além disso, o Banco Central subiu juros para enfrentar a inflação antes de outros países.

Guedes ressaltou ainda que o Brasil está crescendo menos este ano exatamente por ter agido antes. Ele também prevê um cenário mais favorável para 2023. “A inflação vai subir de novo ano que vem? Não. Vai descer porque agimos primeiro”, disse.

A nossa inflação do mês de fevereiro é a maior registrada desde 2015, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, o índice chegou a 10,54%. No mês de fevereiro, a disparada da inflação se deu principalmente por causa dos preços de educação e alimentos.

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2- Economistas sobem para 5,50% estimativa de inflação em 2022

3- Bolsonaro joga responsabilidade de preços dos combustíveis na Petrobras

Inflação e Guedes: Entenda o cenário mundial

A disparada mundial da inflação e aumentos de juros nos Estados Unidos preocupam o mundo. Para se ter uma ideia, em janeiro, os preços ao consumidor americano subiram 7,5% em comparação com o ano anterior, o maior salto anual da inflação estadunidense em 40 anos.

Além disso, já havia uma expectativa por fortes altas de juros nos Estados Unidos este ano. Mas a guerra na Ucrânia gerou efeitos na economia. Na última quinta-feira (10), o Fundo Monetário Internacional chegou a dizer que reduzirá seus próximos prognósticos para o crescimento mundial.

A agência de classificação de riscos S&P Global previu um declínio de 0,7 ponto no crescimento mundial, para 3,4%, devido ao colapso esperado do Produto Interno Bruto (PIB) russo e dos preços da energia.

Exportações de açúcar na Índia aceleram com alta de preços globais

Na Índia, as usinas de açúcar estão aproveitando o aumento dos preços globais e já assinaram contratos para exportar 550.000 toneladas do adoçante só nos últimos dias, segundo informações da Reuters.

No total, os contratos assinados esperam exportar 6,4 milhões de toneladas de açúcar em 2021/22. Desse total, quase 5 milhões de toneladas já foram embarcadas.

Espera-se, com isso, que o país ajude a segurar a alta de preços, impulsionada pelo aumento nos preços do petróleo bruto e pela queda da produção do açúcar brasileiro.

A safra brasileira vem apresentando queda na produção. Com isso, em 2021, o etanol e o açúcar refinado lideraram, por aqui, o ranking do acumulado da inflação, segundo dados do IPCA-15, com alta de 63,28% e 50,93%.