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Incorrigível, Ernesto Araújo volta a atacar a China e fala em “tecno-totalitarismo”

Ernesto Araújo

Da Folha:

O Brasil de Jair Bolsonaro quer uma aliança com os Estados Unidos e “outros parceiros democráticos” para barrar a ascensão do “tecno-totalitarismo” de países com “diferentes modelos de sociedade” —ou seja, a China. A afirmação foi feita durante um painel virtual de debate do Fórum Econômico Mundial pelo chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. Ele fez questão de não nominar “nenhum país ou companhia específicos”, mas todas suas intervenções foram voltadas a fustigar a China, maior parceiro comercial brasileiro e no centro da chamada guerra da vacina, por ser o principal produtor de insumos dos imunizantes a serem feitos no Brasil. (…)

A ideia era debater o conceito de cooperação internacional ante a realidade da pandemia da Covid-19 e da mudança climática —temas nos quais o negacionismo do governo Bolsonaro, alimentado pela ala ideológica da qual Ernesto faz parte, é notório. Enquanto os colegas debatiam a necessidade de garantir vacinação equânime e enfrentar os desafios da demanda de imunizantes, Ernesto preferiu falar na necessidade de manter valores como a liberdade nas relações internacionais.

“Qualquer mudança nos EUA é imensa para nós”, disse o chanceler, um fã declarado do antecessor do presidente Joe Biden, Donald Trump. “Se o foco é em mudança climática, OK, mas queremos fundamentar relação em liberdades”, disse. Foi uma referência enviesada ao pacote de US$ 2 trilhões na área do clima anunciado pelo democrata, que assumiu na semana passada. “Um desafio é emergência do tecno-totalitarismo. Não se trata da questão de EUA contra China, mas é uma questão de diferentes modelos de sociedade. Novas tecnologias podem ser ótimas para a democracia, mas podem fornecer meios para um Estado totalitário, e não queremos isso.”

“Queremos tratar desse tema com os Estados Unidos e parceiros democráticos”, disse, excluindo a ditadura comunista da equação. “Quem controla o discurso tem um tremendo poder. Não podemos deixar isso na mão de atores, e não falo aqui de países ou companhias específicas, que não são comprometidos com a liberdade”, disse o chanceler. (…)

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