Indígenas se articulam para lançar candidaturas ao Congresso e Assembleias Legislativas

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) está se articulando para lançar candidaturas de povos originários em diversos estados do Brasil, tanto para a Câmara Federal como para as Assembleias Legislativas. A estratégia, de acordo com a coordenadora executiva da Apib, Sônia Guajajara (PSOL), é focar em um número pequeno de candidatos espalhados por diversos partidos e em todas as regiões.
“A ideia é não só lançar candidaturas para ter visibilidade, mas lançar candidaturas para ganhar”, afirma Guajajara. Ela própria, que já foi candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos (PSOL), em 2018, agora é pré-candidata à deputada federal pelo PSOL.
Em 2018, a Apib lançou 130 candidaturas indígenas e elegeu uma, a deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR). Em 2020, a Articulação teve mais de 2.000 candidaturas e elegeu 10 prefeitos e 44 vereadoras. Em 2022, a estimativa é que o movimento indígena lance cerca de 30 candidaturas indígenas às câmaras estaduais e nacional, das quais 17 são mulheres. Nesta terça-feira (12), durante o Acampamento Terra Livre, os números serão oficializados. Presidentes de PT, PSOL, PCdoB, Rede, PDT e PCB participam do evento.
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Apenas dois indígenas foram deputados federais até hoje no Brasil
O Brasil teve apenas dois deputados federais indígenas na história. O primeiro foi o xavante Mário Juruna, que se elegeu pelo Rio de Janeiro no PDT em 1982 e a segunda foi Joenia Wapichana, eleita no pleito de 2018 pela Rede de Roraima. Isso significa que após eleger Juruna, o Brasil ficou 30 anos sem um representante direto dos povos originários. Juruna, inclusive, quase foi cassado por ter batido de frente com militares da ditadura.
Para 2022, a estratégia será apostar em um número menor de candidaturas e estruturá-las melhor. “A APIB fez o chamado para as candidaturas indígenas, mas diferente dos anos anteriores, a gente não está considerando muito a quantidade. A gente não quer (um grande número). A gente quer candidaturas pelo movimento que sejam consensuais em cada estado”, explica Sônia Guajajara.