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Intelectuais alemães alertam para riscos no Brasil da “apologia da tortura e da violência”

Da DW:

Um grupo de mais de 40 acadêmicos alemães de diversas áreas lançou uma carta aberta sobre os riscos à democracia e aos direitos humanos no Brasil, em meio ao cenário de discurso de ódio, violência e polarização às vésperas do segundo turno da eleição presidencial.

“Aprendemos, dolorosamente, com a história europeia e, em especial, com a história alemã, que a apologia da tortura e da violência e o desrespeito a concidadãos e minorias jamais serão solução para crises econômicas e políticas”, afirma o documento assinado por importantes personalidades da ciência alemã.

Entre os signatários estão o filósofo e sociólogo Axel Honneth, professor nas universidades de Frankfurt e Columbia, nos Estados Unidos, e o sociólogo Claus Offe, da Hertie School of Governance, em Berlim.

Autor de Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais e O direito da liberdade, Honneth é considerado um dos filósofos mais importantes da atualidade. Aluno de Jürgen Habermas como Honneth, Offe é conhecido por suas relevantes contribuições sobre capitalismo e democracia.

Além dos dois, assinam ainda o documento o sociólogo Stephan Lessenich, que foi presidente da Associação Alemã para Sociologia (DGS) e atualmente dá aula na Universidade Ludwig Maximilian de Munique; a historiadora especializada em América Latina Barbara Potthast, da Universidade de Colônia; e a economista Barbara Fritz, da Universidade Livre de Berlim.

Os signatários da carta destacam que não desejam interferir em assuntos internos, mas defender “valores inegociáveis como democracia, direitos humanos e o caráter laico das instituições públicas” e expressam preocupação com os recentes desenvolvimentos políticos no Brasil.

O documento não cita abertamente o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), mas faz referências a declarações dadas pelo presidenciável e seus apoiadores: “Temos observado como, durante a presente campanha eleitoral, difamações, desinformação e perseguição vem colocando em questão o tratamento igualitário de mulheres e homens, a dignidade de gays, lésbicas e pessoas transgênero, assim como a legitimidade política dos movimentos sociais e os direitos de minorias ameaçadas – entre estas, indígenas e quilombolas”.

A carta destaca ainda que o “estímulo deliberado de conflitos entre os diferentes grupos da população e o anunciado armamento da população civil vão gestando uma catástrofe humanitária de dimensões incalculáveis”.

Por fim, os cientistas pedem que o Judiciário brasileiro defenda os direitos humanos e a democracia e puna aqueles que violam esses princípios com palavras ou atos. “As forças democráticas no Brasil não podem ficar omissas”, acrescentam. (…)

O candidato da família