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Janio de Freitas diz que milícias têm mais “poder e proteção” do que a própria polícia

Veja Jânio de Freitas
Jânio de Freitas. Foto: Reprodução/YouTube

O jornalista Janio de Freitas, em sua coluna nesta domingo (12) na Folha de S.Paulo, aborda o poder das milícias no governo Bolsonaro. E a notícia não é boa.

Ele escreve:

“O novo desmonte no sistema institucional difere dos anteriores. Enfraquece, por abandono ou deformação, quantidade muito maior das obrigações de Estado e de governo. Atingida é a Polícia Federal, que vive uma crise silenciosa, com os afastamentos sucessivos de chefes e delegados de alto conceito, medidas injustificáveis e a direção exercida mais pelo ministro da Justiça do que pelo diretor Paulo Maiurino”.

E desenvolve:

“Não é recente o conhecimento da PF e das Forças Armadas de que milícias do Sudeste dirigem focos crescentes de garimpo, desmatamento e contrabando de sua produção.

Muito mais amplo foi o conhecimento de que o Ministério do Meio Ambiente se tornou incentivador das atividades ilegais, desde que Bolsonaro entregou a Ricardo Salles a tarefa de direcioná-lo.

A combinação devastadora desses dois fatores, porém, não gerou a reação devida pelo governo. As raras iniciativas foram logo reprimidas, como na exoneração do delegado Alexandre Saraiva por investigar as relações de Ricardo Salles com a exploração e o comércio ilegais de bens amazônicos. As fotos impressionantes de 200 ou 300 balsas recolhendo ouro no Madeira, para envio ao exterior e a São Paulo, obrigaram a PF a agir: incendiou algumas balsas, afundou algumas outras, e a ação se encerrou com a publicação das fotos. Bolsonaro não faltou com uma explicação, indireta mas clara, para a inação da PF: deu apoio aos garimpeiros ilegais”.

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Janio de Freitas fala sobre as milícias

E completa:

“Não há quem investigue a presença miliciana e das quadrilhas já conhecidas nessa orgia de ilegalidades. Se o Senado, em outro acesso de respeito ao país, decidisse fazer uma CPI para investigar as ligações de milícias com o Poder, dependeria de investigações que a PF não faria. Ou não faria como devessem ser.

Entre os chamados federais há, e não seriam poucos, os que atribuem o fuzilamento do capitão Adriano da Nóbrega, no interior da Bahia, à sua exigência de proteção em troca de silêncios que, quebrados, seriam fatais para numerosos integrantes e circunstantes do poder. A importância desse capitão no subpoder criminal mede-se pelas homenagens que Bolsonaro lhe prestava, com discurso na Câmara, condecoração e, depois, defesa contra as condenações. Os filhos tiveram a missão de visitantes-emissários do preso.

Hoje, as milícias têm mais poder e proteção do que as polícias que têm hostilizá-las. E, a respeito, nada há a fazer. Bem, há, mas não há quem faça”.​

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