Apoie o DCM

Jessé Souza: Lava Jato “é um engodo” que Haddad “teve a pachorra de elogiar”

Jessé Souza de 

O sociólogo Jessé Souza deu boa entrevista à Folha:

O candidato da esquerda [Haddad] teve a pachorra de elogiar a Lava Jato. Ele acredita que o principal problema do país é o patrimonialismo, que a Lava Jato estava efetivamente ajudando e só tinha errado aqui e acolá. Não percebe a Lava Jato como um engodo.

Não estou dizendo que ele não seja decente, claro que é. Quero dizer que [essa esquerda] é colonizada por uma ideologia que serve aos interesses de uma elite. Não existe nenhuma teoria com esse grau de abrangência. A USP foi muito responsável por dar prestígio a essa teoria.

***

O ódio ao pobre [caracteriza parte expressiva da classe média]. Esse ódio é resultado do acordo entre a elite e a classe média. Quando aconteceram golpes de Estado entre nós, com o apoio da classe média, houve o pretexto da corrupção. Basta perguntar se alguém da classe média saiu às ruas quando partidos de elite roubam. Eu nunca vi.

***

O que é abordado no Brasil é a corrupção política, de Estado. É claro que ela é recriminável, mas quero chamar atenção para o fato de que o estado do Rio não está na miséria porque o [ex-governador] Sérgio Cabral roubou R$ 280 milhões. Não quero dizer que ele não deveria estar preso e que o que fez não é recriminável.

Acho que a Lava Jato e a TV Globo, ao criminalizarem e estigmatizarem a Petrobras, de quem o estado do Rio inteiro e parte do Brasil dependiam, são as causadoras da debacle.

A corrupção política é usada para tornar invisível esse saque feito pelas elites. A corrupção da política é uma gota no oceano quando comparado ao real saque, por meio da sonegação, por exemplo. É isso que deixa o Brasil pobre.

***

Se quer acabar com a corrupção, como é que blinda o sistema financeiro? [O ex-ministro Antonio] Palocci propôs denunciar o sistema financeiro para conseguir delação, e a Lava Jato não aceitou.