Líder indígena diz que foi intimidada após denunciar desmatamento na COP26

Foto: Reprodução
Em entrevista ao UOL, a ativista indígena Txai Suruí afirmou que foi intimidada por brasileiros após discursar na COP26, em Glasgow, na Escócia.
A indígena do povo Paiter Suruí e fundadora do movimento da Juventude Indígena de Rondônia denunciou o desmatamento e o extrativismo em terras indígenas na Amazônia.
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“Depois do meu discurso, fui dar algumas entrevistas, muitas pessoas queriam falar comigo, e uma parte brasileira ficou me intimidando. Ele chegou depois em um momento e falou ‘não fala mal do Brasil, porque a gente está aqui para ajudar’. Me senti muito intimidada e não foi muito legal”, disse ela.
Txai afirmou que não conseguiu identificar as pessoas, mas viu nas credenciais que se tratavam brasileiros.
“Foi bem desconfortável”, declarou a ativista, criticando a falta de representantes do governo na conferência. “O Brasil, que é um dos países que sempre tiveram no centro dessa discussão, sempre um dos países mais importantes, não tem os seus representantes aqui, do governo”.
Chefe da ONU e indígena destacaram risco à Amazônia na COP-26
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e a ativista indígena brasileira Txai Suruí citaram o risco à proteção da Amazônia em seus discursos para mais de cem chefes de Estado na cerimônia da Cúpula do Clima (COP-26), em Glasgow, nesta segunda-feira, 1º. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu não ir à COP-26, evento que discute estratégias para frear o aquecimento global.
Numa declaração que pediu maior comprometimento das nações para cortar as emissões de CO2, Guterres destacou que partes da Floresta Amazônica “agora emitem mais carbono do que absorvem”. Em julho deste ano, uma pesquisa publicada na revista científica Nature mostrou que a parte sudeste da Amazônia se tornou uma grande fonte de emissão de CO2.
“Este é o momento de dizer basta. Basta de brutalizar a biodiversidade. Basta de matar a nós mesmos com carbono. Basta de tratar a natureza como uma privada e de cavar nossa própria tumba”, disse Guterres. O secretário-geral da ONU também lembrou que as promessas climáticas dos países têm sido insuficientes para conter o aquecimento global.
Antes de Guterres, discursou na COP-26 Txai Suruí, jovem ativista de Rondônia que defende o povo Paiter Suruí, na Floresta Amazônica. Ela lembrou que a poluição e as mudanças climáticas causam impactos à floresta. “Hoje o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo.” Também pediu ações urgentes: “Não é 2030 ou 2050. É agora.”