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Míriam Leitão: maioria dos militares não concorda com Bolsonaro sobre celebração do golpe de 1964

Bolsonaro conversa com generais do Exército
Fernando Souza / AFP

Da coluna de Míriam Leitão:

O presidente Jair Bolsonaro determinou que os militares celebrem o golpe de 1964, evento que completará 55 anos no fim deste mês. Dentro dos quartéis o pensamento é outro. Um general conta que, entre os comandos, não há essa intenção de comemorar, mas sim de lembrar o fato histórico, “sem fazer juízos de valor ou radicalismos de qualquer natureza”. O interesse é passar uma mensagem de conciliação. Muitos membros das Forças Armadas, portanto, pensam diferente do presidente da República.

Esses militares não estão interessados em aumentar a fratura que existe no país sobre o assunto. Há duas visões opostas sobre o golpe, mas ele aconteceu há 55 anos. O país atualmente tem diversos outros problemas a superar. A visão de Bolsonaro é dele e de um grupo mais radical de militares. Ao impor a comemoração nos quartéis, o presidente abre alas dentro das Forças Armadas, onde tem gente pensando diferente dele.

Bolsonaro acha que não houve um golpe, ao contrário do que registra a História. O presidente constitucional da época foi golpeado, em seguida houve o fechamento do Congresso, cassações, prisões de opositores, torturas e tudo mais. Reabrir essa discussão, com o governo tentando impor sua posição sobre os fatos, só vai causar mais constrangimentos.

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