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Médica bolsonarista distorce estudo para atacar vacinas e é desmentida pelo autor

Jair Bolsonaro e Maria Emília Gadelha Serra
Jair Bolsonaro e Maria Emília Gadelha Serra.
Foto: Reprodução

A médica antivacina Maria Emília Gadelha Serra distorceu um estudo, em apresentação na Assembleia Legislativa de São Paulo, para atacar a imunização contra a Covid-19.

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Ela mostrou parte de um estudo para defender a tese de que as vacinas causam lesões em órgãos humanos. Após a circulação do vídeo nas redes sociais, Maria Emília foi desmentida pelo próprio autor do artigo. Ele explicou ao Projeto Comprova que o estudo, na realidade, demonstra que a vacina deu imunidade a um paciente que morreu por embolia pulmonar. Não associada ao imunizante e nem ao vírus.

Na apresentação, foram expostos pela médica imagens de autópsias que seriam, supostamente, de pessoas que teriam morrido por causa das vacinas.

No entanto, as fontes dos estudos relacionados às fotos apresentadas não foram informadas. Assim, não é possível identificar se os pacientes vieram a óbito por causa dos imunizantes. Tampouco daria para comprovar se o vídeo consiste em um procedimento realizado em território nacional.

“O médico Amaro Nunes Duarte Neto, doutor em patologia, membro da Sociedade Brasileira de Patologia e do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), analisou as imagens e afirma não ser possível determinar, visualmente, qualquer relação dos óbitos com as vacinas, explicando ser necessário haver uma integração do histórico clínico do paciente para estabelecer nexo causal”, afirma a matéria do Estado de Minas.

Procurada pela reportagem, a médica negacionista não respondeu aos questionamentos do Comprova sobre a origem das imagens.

Quem é a médica Maria Emília Gadelha Serra?

Bolsonarista e cidadã de bem, Maria Emília Gadelha Serra foi a responsável pelo “tratamento precoce”, por meio da operadora de planos de saúde Prevent Senior, de duas pessoas que morreram de Covid-19.

Maria Gadelha é presidente da Sociedade Brasileira de Ozonioterapia Médica (SOBOM). Ela realizou o controverso procedimento que envolve a aplicação de ozônio via retal em Regina Hang, mãe do empresário Luciano Hang, que morreu em 3 de fevereiro.

Serra usou o mesmo método para tratar o médico Anthony Wong, conhecido negacionista próximo do governo Bolsonaro que também faleceu.

Além de coordenar a principal organização que promove ozonioterapia no país, Maria Emília é também ligada à Associação Brasileira de Vítimas de Vacinas (Abravac), entidade que espalha desinformação sobre os imunizantes.

Como já era de se esperar, a médica é bolsonarista e cidadã de bem.

Nas redes sociais, ela aparece ao lado do presidente Jair Bolsonaro e em manifestações contra o passaporte sanitário.

Um post de dezembro de 2020 mostra a doutora num restaurante em Brasília ao lado da deputada bolsonarista Bia Kicis e da oncologista Nise Yamaguchi.

Yamaguchi é acusada de ser uma das principais articuladoras do chamado ministério paralelo da Saúde na pandemia.

Nise Yamaguchi e Bia Kicis em jantar
Maria Emília Gadelha Serra janta com Bia Kicis e Nise Yamaguchi.
Foto: Instagram

Em 22 de julho deste ano, ela se reuniu com Bolsonaro no Palácio do Planalto e disse que foi um “dia histórico”.

“Dia histórico! Reunião com nosso presidente sobre importantes questões de saúde pública e preservação de direitos humanos fundamentais e liberdades civis”, disse a médica na publicação.

Na ocasião, ela entregou ao mandatário um documento de 15 páginas sobre “riscos” das vacinas.

O material classificava os imunizantes como “produtos experimentais injetáveis”.

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