Apoie o DCM

Militar trans afastada da Marinha: “Quem tem transtorno não sou eu, são as Forças Armadas”

Do Globo:

O dia da Marinha do Brasil é celebrado nesta segunda-feira, 11 de junho. Coincidentemente, essa também foi a data na qual foi divulgada uma derrota imposta pela Justiça ao conservadorismo da instituição. Conforme antecipado pela Coluna de Ancelmo Gois, o Tribunal Regional Federal da 2ª região (TRF-2) negou recurso da União que pretendia cassar uma liminar favorável da segundo-sargento trans da Marinha Bruna Benevides, que foi afastada após revelar sua condição. Ela conseguiu reverter na Justiça, ainda que de forma temporária, a tentativa da Marinha de reformá-la compulsoriamente.

Para justificar o afastamento, a Marinha alegou que Bruna Benevides era incapaz de exercer o serviço público devido a um quadro de “transexualismo”, ainda que a segundo-sargento tivesse desempenhado por quase 20 anos seu trabalho com excelência dentro da instituição. A corrida da militar para tentar garantir o direito de desempenhar a atividade — para a qual foi aprovada em concurso público na década de 1990— começou há cerca de quatro anos quando ela decidiu revelar a seus superiores que era uma mulher trans. Antes disso, os longos cabelos crespos não existiam, em uma tentativa de se adequar ao papel masculino que precisava representar para ir ao trabalho. (…)

— Quais as limitações laborais que eu tinha? O que impunha que eu não pudesse desempenhar funções como militar? Eu não tinha nenhuma questão física e nem psíquica. Foi horrível, eu me senti a pior pessoa do mundo. Eu saí de casa aos 17 anos para me dedicar à Força e no final estava sendo dispensada porque estava usando saia — questiona. — A questão é burocrática e social. Quem tem um transtorno (de adaptação) não sou eu, são as forças armadas. (…)

Bruna Benevides