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Militares que fuzilaram homem negro com 80 tiros em 2019 serão julgados hoje

Parente de Evaldo chora diante do carro. Foto: Fabio Teixeira/AP
Parente de Evaldo chora diante do carro. Foto: Fabio Teixeira/AP

A Justiça Militar da União vai julgar, nesta quarta-feira (13), na Ilha do Governador, o grupo de militares do Exército que atirou 80 vezes contra o carro do músico Evaldo dos Santos Rosa, no dia 7 de abril de 2019, durante intervenção militar na cidade do Rio de Janeiro.

Na época, os militares alegaram que fuzilaram o carro de Evaldo “por engano”.

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O carro, um Ford Ka branco, transportava Evaldo, de 46 anos, e a sua família para um chá de bebê. O músico e pai de família morreu na hora.

O julgamento dos militares que mataram Evaldo já foi adiado duas vezes, a pedido da defesa.

Com informações da coluna de Ancelmo Gois

Fuzilado pelo exército no Rio, Evaldo Rosa trabalhava como segurança e músico

Conhecido como Manduca, Evaldo Rosa dos Santos, morto com 80 disparos pelo Exército, em 2019, no Rio de Janeiro, era cavaquinhista e membro da primeira formação do grupo Remelexo da Cor.

Os parceiros de música postaram uma homenagem a ele nas redes sociais.

“Olho pro céu e peço a Deus / Que mande a paz do sentimento verdadeiro dos mortais / Aqui embaixo o pesadelo está, demais, demais / Demais, demais, demais?? Neste domingo perdemos um grande amigo, o primeiro cavaquinista do Grupo Remelexo da Cor (Manduca). Deixamos aqui um abraço é nosso sentimento para todos familiares”.

O filho mais velho por adoção, Daniel Rosa, contou, na época, que nem sabia como agir com o irmão de 7 anos que estava com o pai no carro e assistiu ao fuzilamento.

“Só tenho que chorar junto”, disse Daniel Rosa, de 29 anos, em entrevista ao jornal O Dia. “Meu irmão está traumatizado. Só chora e fala ‘quero meu pai agora. Por que meu pai não está aqui’”, contou Daniel, dizendo que a família processaria a União.

“Por que o Exército está dizendo que meu pai é bandido? Eu quero uma explicação. Meu pai era trabalhador, sustentou a família. Tudo que sou devo a ele, que me deu carinho, amor, que chamou a minha atenção quando foi preciso, que me orientou”, lembrou o filho, chorando. “O que o governo vai fazer? Passar a mão nas minhas costas”.