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Militares do governo querem suspender “missão humanitária” na Venezuela

Reportagem de Gustavo Uribe e Ricardo Della Coletta na Folha de S.Paulo informa que, mesmo com a possibilidade de fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil, o presidente Jair Bolsonaro decidiu nesta quinta-feira (21) manter a missão humanitária de envio de medicamentos e alimentos ao país vizinho. O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rego Barros, informou que os produtos serão mantidos nas cidades de Boa Vista e de Pacaraima, em Roraima, até que meios de transporte de cidadão venezuelanos busquem os suprimentos na região de fronteira. “Nós estamos disponibilizando os meios para a operação e nos quedamos aguardando a vinda dos caminhões de transporte dirigidos por venezuelanos”, disse.

De acordo com a publicação, segundo ele, os alimentos não são perecíveis e o prazo de validade dos medicamentos é longo, o que permite o armazenamento por um longo período. A decisão de seguir a operação foi tomada em reunião, nesta quinta-feira (21), entre o presidente e os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Santos Cruz (Governo). O chanceler Ernesto Araújo não participou da reunião e permaneceu no Itamaraty. Segundo o governo, contudo, ele foi consultado durante o encontro. O encontro de emergência foi convocado para tratar da possibilidade de fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil, anunciada pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro.

Para o governo brasileiro, a decisão foi uma retaliação à autorização pelo Brasil para que opositores anti-chavistas usem o território brasileiro para fazer chegar a ajuda. Contrária à operação, a cúpula militar do novo governo defendia a suspensão da operação, em uma tentativa de reconstruir o canal de diálogo do Brasil com a Venezuela, sobretudo com as forças militares do país. O núcleo político, no entanto, convenceu o presidente a mantê-la. A ideia é que, assim, o governo venezuelano seja pressionado pela própria população venezuelana, que passa por uma crise de escassez. Para tentar encontrar uma solução para a nova crise, Bolsonaro escalou o vice-presidente Hamilton Mourão para viajar à Colômbia e participar da reunião do Grupo de Lima, na próxima segunda-feira (25), completa a Folha.

Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil