Milton Ribeiro é detonado por bancada evangélica após áudios sobre pastores

Bancada evangélica teve uma reunião tensa nessa terça (22) para definir uma reação às acusações de que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, prioriza pastores na pasta a pedido de Jair Bolsonaro (PL). Importantes integrantes, pelo menos três, da frente parlamentar atacaram Ribeiro diretamente.
Segundo a coluna de Guilherme Amado no Metrópoles, para evitar mais desgaste e tentar se descolar do episódio, a bancada decidiu não pedir uma conversa privada com o ministro. “Ninguém é louco, ninguém é bobo, né?”, disse o deputado Marco Feliciano, do PL de São Paulo, aliado de primeira hora e agora no mesmo partido de Bolsonaro.
Feliciano se referia a uma nota divulgada pelo ministro da Educação, em que Ribeiro negou ter favorecido pastores no repasse de verbas do ministério.
“A nota infelizmente é um imbróglio sem tamanho. Ele desdiz tudo o que está no áudio. É só isso. Primeiro, ninguém é louco, ninguém é bobo, né? Acredito que o próprio Parlamento vai fazer algum tipo de convocação. Eu quero ouvi-lo pessoalmente.
O áudio é uma prova. É no mínimo imoral. Se eu sou o ministro neste momento, eu já teria entregado minha carta e me afastado”, afirmou Feliciano aos colegas evangélicos, lamentando que o desgaste aconteça num momento de pré-campanha.
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Não foi só Feliciano que criticou Milton Ribeiro

Outro a criticar o episódio foi o deputado David Soares, do União Brasil de São Paulo. Soares é filho do pastor RR Soares, fundador da Igreja Internacional Graça de Deus. “Precisa ser investigado. Quando falam que as pessoas estavam lá [no MEC] e através de duas pessoas [pastores] conseguiam tudo… Eu tenho a maior dificuldade no MEC.
Em alguns setores do MEC, nada anda”, afirmou. E seguiu: “Se está tendo espaço para pessoas agirem como lobby, isso precisa ser coibido. Será decepcionante saber que colegas nossos estavam fazendo funções ilegais”.
Feliciano ainda disse que o caso é grave: o governo Bolsonaro está “sangrando”. “Começamos a sangrar ontem à noite [segunda-feira], estamos sangrando o dia todo [terça-feira], hoje à noite nós teremos todos os jornais falando… Acham que é a bancada evangélica. E não temos nada a ver com isso.
A situação ficou ruim, acho que não tem como remediar. O estrago já foi feito. Pesou demais sobre nós. Mais uma vez, como evangélicos, fomos expostos ao ridículo. É péssimo para nós. O ministro deve uma explicação para o Brasil todo”, seguiu Feliciano, arrematando: “Eu não vejo ele [Milton Ribeiro] como aquilo que nós esperávamos que fosse”.
Em outra parte da reunião, Feliciano colocou em dúvida a intenção de pastores em beneficiarem prefeitos junto a Milton Ribeiro: “Se formos ouvir o ministro, é preciso chamar o prefeito para saber se de fato recebeu alguma coisa e, se recebeu, por que os pastores intermediaram. Eles facilitaram gratuitamente? Ninguém sai de uma cidade para outra, de um estado para outro, apenas para fazer uma bondade, a não ser que seja Madre Teresa de Calcutá”.