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Miriam Leitão sobre o bolsonarismo: “É um amontoado de preconceitos com o ódio à democracia”

Miriam Leitão. Foto: Reprodução/Globo

Da Coluna de Miriam Leitão no Globo, que questiona se o bolsonarismo é uma ideologia.

A resposta para a pergunta do título é não. É um amontoado de preconceitos com o ódio à democracia. O primeiro ponto desse conjunto disforme de ideias está na frase de Abraham Weintraub, de que todos os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) deveriam ir para a cadeia. Isso é a defesa do totalitarismo. Nem a ditadura militar fez isso. Quando se diz que alguém é defendido pela “ala ideológica”, é uma interpretação caridosa para um grupo de malucos que sonha com a ditadura de Bolsonaro. “Intervenção militar com Bolsonaro” é a faixa sempre presente nas manifestações governistas.

Não há um conjunto orgânico de ideias que se possa chamar de ideologia bolsonarista. O conservadorismo que defendem não é o pensamento conservador clássico. É o reacionário, no sentido técnico de saudosismo de um passado idealizado. Em cima da lareira do sítio bolsonarista de Atibaia havia uma bandeira escrito “AI-5”. O mesmo decreto que é defendido nas passeatas. A maioria das pessoas que grita por esse Ato Institucional não saberia dizer o que ele representaria na prática.

(…)

O sonho maior bolsonarista é um regime autocrático. Por isso, os ataques tão frequentes ao Congresso, ao Supremo, à imprensa ou a qualquer voz divergente. Apurando bem o foco, o centro da chamada ala “ideológica” do governo é o próprio Bolsonaro e os seus filhos.