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Moradores relatam ‘banho de sangue’ em Jacarezinho: “Mataram um menino de 14 anos”

Casa no Jacarezinho após operação policial em que 25 pessoas morreram Imagem: OAB

Do UOL:

Moradores do Jacarezinho relatam um “banho de sangue” e indícios de mortes arbitrárias por policiais na operação que deixou ontem ao menos 25 mortos na favela da zona norte do Rio de Janeiro. Testemunhas e entidades se referem à ação como uma chacina porque, segundo elas, havia entre os mortos pessoas que não estavam armadas e se escondiam em casas da comunidade. A Polícia Civil nega e diz que seus agentes reagiram em confronto.

Segundo relato de uma moradora ao Instituto Anjos da Liberdade, um rapaz estava com uma criança no colo antes de ser morto. A testemunha desconhece a identidade dele. “O policial pediu que esse jovem entregasse a criança a um familiar e falou que ele iria morrer. E matou o jovem ali mesmo. Eles [policiais] não foram a bocas de fumo. Invadiram casas para matar. Foi uma chacina.” – Karina Oliveira Marinho, advogada. (…)

Em reunião hoje na escola de samba do Jacarezinho —com a presença de integrantes da OAB, lideranças comunitárias e representantes de associações—, foram feitas críticas à atuação policial na favela. As lideranças contestaram os argumentos apresentados pela Polícia Civil, que disse que a ação foi motivada por uma investigação de aliciamento de menores de idade pelo CV (Comando Vermelho), facção criminosa que domina o território. “Por que mataram um menino de 14 anos na porta da minha casa, se o objetivo era combater o aliciamento de menores pelo tráfico?”, questionou a ativista social Ana Paula Grecco. “Vi policiais arrastando corpos mortos e depois desfazendo a cena do crime. Ouvi gritos de menores com medo de morrer. A polícia não entrou para cumprir mandados. Entrou para matar”.

(…)