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Moro é aconselhado a disputar presidência em 2022 para limpar sua desmoralizada biografia

Da Coluna de Josias de Souza no UOL:

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, participa da cerimônia comemorativa do Dia Mundial e Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
José Cruz/Agência Brasil

Quando se tornou sócio-diretor da consultoria americana Alvarez & Marsal, que tem entre seus clientes empresas encalacradas na Lava Jato, Sergio Moro distanciou-se da disputa presidencial de 2022. Decorridos dois meses e meio, ele é aconselhado por amigos a retomar o projeto político. Embora não admita a candidatura diante dos refletores, Moro soa em privado como se não descartasse categoricamente a hipótese de concorrer ao Planalto.

Moro trocou o altar de Curitiba pelo viveiro de cobras de Brasília imaginando-se portador de um destino. Virou uma fatalidade. Num instante, ganharia poltrona no Supremo. Noutro momento, seria vice de Jair Bolsonaro. No final, foi condenado —ou condenou-se— à fritura perpétua. Fritaram-no —ou fritou-se— no Planalto e no Congresso. Agora, já bem passado, arde no óleo quente da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal.

A candidatura presidencial de Moro seria uma espécie de imperativo de autodefesa. Moro revela-se incomodado com o que chama de “criminalização” da Lava Jato. E os amigos receiam que, fora do ringue eleitoral, o autor da sentença que proporcionou a Lula uma temporada na cadeia será moído durante a campanha. Candidatando-se, Moro reivindicaria a paternidade da causa anticorrupção, que ficou órfã.

De repente, bater em Moro ficou fácil como amassar uma carta que já saiu do baralho. Ministros do próprio Supremo observam o balé de elefantes em que se converteu a Segunda Turma, dando de barato que a anulação da sentença do tríplex será seguida de uma tentativa de rever o veredicto do sítio de Atibaia, com pedido de liminar para devolver a foto de Lula à urna eletrônica.

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