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“Esse navio já zarpou”, diz Moro sobre terceira via

Veja o Moro
Sergio Moro. Foto: Flickr/Podemos

Denise Rothenburg entrevistou o ex-ministro Sergio Moro para o Correio Braziliense. E ele falou, sim, sobre terceira via e eleições de 2022.

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O que Moro falou sobre terceira via exatamente?

O senhor vai conversar com todos que postulam a condição de nome da terceira via?

Primeiro, vamos esquecer essa expressão terceira via. Terceira via parte do pressuposto que temos dois candidatos inevitáveis e que seriam favoritos, que é o atual presidente e um presidente anterior. Eu, sinceramente, não acredito nisso. Não acho que o Brasil vai ser forçado a ter escolhas tão trágicas assim. É um governo que não funciona e um governo que não funcionou no passado. Ninguém quer isso de volta. Vamos ver o que vai acontecer nas eleições do próximo ano. Eu apresentei o meu nome. Quero construir um projeto e estou colocando de maneira muito clara. Meu objetivo é liderar esse projeto. Mas estamos conversando com todo mundo. E não só agora. Conversamos também no passado, porque o diálogo é importante, é relevante para a gente construir um país melhor e não tratar todo mundo nessa lógica, que são dos dois extremos, de amigo-inimigo. Todas as portas estão abertas para todas as pessoas.

O senhor está interessado em convergir propostas, então.

Qualquer pessoa que queria apresentar um projeto para o país tem que pensar que estamos todos no mesmo barco. Se temos desafios, são de crescimento econômico, erradicação da pobreza, inserção do Brasil no mundo. Hoje, temos uma imagem terrível perante a comunidade de nações, muito por conta do atual governo. O país não vai crescer se ele não se inserir na economia mundial de uma maneira mais vigorosa. Isso depende de a gente resolver nossos problemas internos, mas também de a gente abrir os mercados externos. E fundamentalmente aí nós não podemos brigar desnecessariamente com nossos vizinhos. Hoje, todos nesse mundo globalizado são nossos vizinhos. Precisamos buscar acordos comerciais internacionais.

O Brasil está isolado?

A gente nunca sabe o que vai acontecer na economia, mas algumas previsões eu posso te oferecer: sabe quantos acordos internacionais comerciais o governo atual vai fazer até o final do mandato dele? Zero. Se for reeleito, você pode fazer a adição de mais um zero. Ninguém quer fazer acordo com o Brasil. O acordo que foi feito no começo do governo, e não graças ao presidente, com União Europeia e Mercosul, está parado. E não vai andar na Europa enquanto o presidente for Jair Bolsonaro. O Brasil destruiu essas pontes. O presidente destruiu essas pontes. Temos que reinserir o Brasil no mundo, e isso depende de mudança.

Aceitaria o papel de coadjuvante, ou seja, de ser vice nesse processo de construção para 2022?

Nós colocamos nosso projeto em andamento. Dá para usar aquela expressão, este navio já zarpou. Acredito que o nosso projeto, trazendo os partidos, a sociedade, convencendo a população de que nosso projeto é consistente, e a credibilidade das pessoas que estão nele envolvidas, é o que tem a melhor chance de êxito. Nunca tive a ambição pessoal de ser presidente. Para evitar os extremos, se outro projeto tiver melhores chances, não teria problemas em abrir mão. Agora, acredito na liderança do nosso projeto. Assim como acredito que poderia abrir mão, espero que outros tenham o mesmo entendimento, porque nós precisamos somar. Acho que a eleição do próximo ano será decisiva na história da nossa República desde a redemocratização”.

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