Apoie o DCM

“O vexame da Fiesp é um marco na história do empresariado nacional”, diz Elio Gaspari

O pato da Fiesp. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O jornalista Elio Gaspari escreveu na sua coluna de terça-feira (31), na Folha de S. Paulo, sobre o vexame do manifesto que um grupo de associações empresariais escreveu sob a liderança da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

A publicação do manifesto, que falava de harmonia entre os Poderes e que foi assinado por mais de 200 entidades, foi adiada por Paulo Skaf, presidente da Fiesp, de forma unilateral.

Leia mais:

1. Leia o manifesto de associações empresariais pela harmonia entre Poderes, cuja publicação foi adiada por Paulo Skaf

2. Medo da imprensa e da elite de SP faz Geraldo Alckmin repensar saída do PSDB

3. Lula massacra Bolsonaro no 2º turno por 55% a 30%, diz pesquisa Genial/Quaest

Sobre o vexame, Elio Gaspari sugeriu:

“Lembra-se daquele pato amarelo que ficava em frente à Fiesp durante as jornadas de manifestações contra o comissariado petista? O doutor Paulo Skaf, que ainda preside a instituição, poderia recolocá-lo na calçada da avenida Paulista. Ou poderia pendurar seu plástico murcho na fachada”.

Segundo o colunista, “quem imaginou a Fiesp de Skaf pedindo qualquer coisa que desagrade ao governo, inclusive democracia, comprou um lote na Lua”.

Agronegócio falou em não tolerar miséria e desigualdade

Elio Gaspari diz que esse acontecimento não foi apenas mais um capítulo na “crônica de subserviência e oportunismo da Fiesp”, mas “um marco na história do empresariado nacional”, já que no mesmo dia em que Skaf mandou voltar atrás, até entidades do agronegócio divulgaram um texto falando em não tolerar a miséria e a desigualdade no Brasil. Diz um trecho:

“O desenvolvimento econômico e social do Brasil, para ser efetivo e sustentável, requer paz e tranquilidade, condições indispensáveis para seguir avançando na caminhada civilizatória de uma nacionalidade fraterna e solidária, que reconhece a maioria sem ignorar as minorias, que acolhe e fomenta a diversidade, que viceja no confronto respeitoso entre ideias que se antepõem, sem qualquer tipo de violência entre pessoas ou grupos. Acima de tudo, uma sociedade que não mais tolere a miséria e a desigualdade que tanto nos envergonham”.

Atualmente, enquanto a indústria representa cada vez uma parcela menor do PIB brasileiro, o setor da agricultura e da pecuária cresce e já representa quase 27% do Produto Interno Bruto.

Para Elio Gaspari, “a agricultura e a pecuária brasileira estão contaminadas por agrotrogloditas que formam uma milícia bolsonarista e fazem passeatas de tratores”, mas esses não são mais a maioria no setor. “Há 30 anos eles poderiam ser maioria, mas mudaram. Novamente, como o sapo, por precisão”, completou.

“Tome-se o exemplo de Blairo Maggi, um dos empresários de maior sucesso nesse setor. Bilionário, foi ministro da Agricultura e governador de Mato Grosso. (…) Desde o primeiro momento dos delírios bolsonaristas, Maggi dissociou-se dos agrotrogloditas. Mostrava que as bravatas piromaníacas nenhum benefício traziam para os empresários”, exemplificou Elio.

Com informações da coluna de Elio Gaspari