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OAB diz que é inaceitável cena de agressão de advogado contra assistente no julgamento de Manveiler

De Guilherme Bittar no Revérbero.

O julgamento de Luis Felipe Manvailer, condenado nesa segunda-feira, 10, por 31 anos e 9 meses de prisão pela morte de Tatiane Spitzner, teve uma cena polêmica. O advogado Claudio Dalledone protagonizou uma agressão contra a assistente dele, a advogada Maria Eduarda Lacerda.

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Dalledone segurou com força o pescoço da advogada e, em seguida, empurrou-a. Por pouco, Maria Eduarda não caiu no chão, conforme mostra vídeo que circula nas redes sociais.

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Em nota divulgada nessa terça-feira, 11, sobre o julgamento, a OAB-PR diz que o ato é inaceitável. “O processo e as estruturas do Sistema de Justiça, incluindo a atuação da advocacia, não podem ser usados, sob nenhum pretexto, para propagar a violência que deveriam enfrentar e combater, sendo inaceitável a utilização do corpo feminino para a reprodução de atos de violência. Recomenda-se, assim, a reflexão sobre os limites da atuação em plenário, para que não ocorram exageros que comprometam a dignidade profissional e a própria essencialidade do Tribunal do Júri, como forma de participação popular no julgamento dos crimes contra a vida”.

Segundo a OAB, caberá ao setor ético disciplinar da instituição analisar as condutas verificadas e adotar as providências que se mostrem cabíveis.

Com o ato no Tribunal do Júri de Guarapuava, região central do Paraná, o advogado tentava desqualificar a tese de que Spitzner teria morrido por asfixia e demonstrar que os hematomas que a perícia identificou no corpo da vítima seriam naturais de um enfrentamento físico, mas que não teriam resultado na morte da jovem.

Após a cena, Dalledone mostrou o pescoço da advogada aos jurados, com marcas de vermelhidão. “Olha o pescoço dela como ficou, claro que vai ter hemorragia. Vocês acham que esse colar não teria arrebentado [se a vítima tivesse sido asfixiada]? No entanto, foi encontrado com ela no chão”.

A cena causou polêmica na internet. O procurador Vladmir Aras foi um dos que compartilhou a gravação que viralizou nas redes sociais e ironizou: “Quase um vale-tudo”.

Após a repercussão negativa nas redes sociais, o advogado Dalledone divulgou um vídeo na tentativa de explicar a cena. Segundo ele, tratou-se de uma dinâmica previamente combinada e a advogada não sofreu nenhuma lesão. Maria Eduarda aparece ao lado de Dalledone e diz que foi uma honra participar do que chamou de simulação. “Não me senti subjugada”.

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