“Não há uma política de combate à fome hoje no Brasil”, diz o pai do Fome Zero, José Graziano da Silva, ao jornalista Jamil Chade no UOL. Ex-ministro, ex-diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e atual diretor do Instituto Fome Zero, o brasileiro insiste que o desmonte das políticas sociais está condenando o futuro de milhões de brasileiros.
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“Quando o senhor fala em desmonte de políticas de segurança alimentar, o que significa na prática?
O que se vê no desmonte dessas políticas, que deveriam ser políticas de Estado, foi a continua redução de verbas para os principais programas como o PAA para as compras locais, apoio à agricultura familiar, programa de cisternas, estoques reguladores.
Entre as mais importantes políticas de segurança alimentar do país, só a PNAE não teve cortes drásticos de recursos pois tem uma dotação constitucional própria. Ma mesmo a alimentação escolar teve muitos problemas com a suspensão das aulas presenciais, o que fez com que muitos estudantes perdessem a única refeição saudável que tinham nas escolas
Essa é uma postura de similar ao que se vê no desmatamento da Amazônia onde o governo “vai passando a boiada”: um desmonte sistemático do aparato de proteção social, exportando tudo que der, de minério de ferro, madeira a soja e carne, para não falar do arroz.
(…)
Quanto tempo será necessário para voltar às taxas de 2,5% da fome?
A previsão da FAO é que isso não vai ocorrer antes de 2030, infelizmente, quando deveríamos atingir a meta de erradicar a fome.
O relatório da OXFAM que eu citei fala em 14 anos para os pobres recuperarem as perdas da pandemia. Ou seja, para voltar a situação muito ruim que já estávamos antes da pandemia.
Mas quem tem fome não pode esperar. Por isso é necessária uma ampla mobilização da sociedade, como ocorreu com o Fome Zero depois da eleição do Lula em 2002. Quem decide acabar com a fome é uma sociedade e não o governo de plantão.
Não podemos esperar 2023. Os estados e municípios, na ausência do governo federal, têm que assumir essa responsabilidade. E há muito que podem fazer, não tudo, mas muito.
O Brasil conseguiu acabar com a fome em menos de dez anos. E para isso precisou “incluir os pobres no orçamento” como costumava dizer o presidente Lula. Agora que temos uma estrutura publica montada e todo um “know-how” do que é preciso fazer para acabar com a fome, creio que o Brasil pode conseguir fazer isso em menos tempo apesar da situação dramática em que nos encontramos.
Mas para isso não da para esperar um novo governo em 2023: tem que começar agora com o que temos nos estados e municípios, que podem fazer muito se derem ao combate à fome a prioridade política número um que precisamos. De todas as urgências que temos, o combate à fome é a prioridade absoluta que não pode esperar.
Como o senhor avalia a política do governo atual no que se refere à luta contra a fome?
Não há uma política de combate à fome hoje no Brasil. O que ainda resiste dos programas existentes, como a merenda escolar, está sendo gradualmente dilapidado, pois muitos municípios já não compram produtos frescos localmente quando deveriam ter pelo 30% da merenda.
O que há são políticas casuísticas para ganhar a eleição no próximo ano, o que explica o novo programa Auxílio Brasil ou o Programa Comida no Prato, apresentados como ‘novos programas’ mas que não passam de maquiagens nos programas que já existiam e funcionavam mito bem, como o Bolsa Família”.
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