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Pazuello e cúpula da Saúde sabiam da falta de oxigênio em Manaus e se omitiram, diz relatório

Da Folha

Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello Foto: Ministério da Saúde/Divulgação

Pelo menos 11 indícios, que podem ser usados como prova, reforçam que a cúpula do Ministério da Saúde tinha conhecimento prévio sobre a grave escassez de oxigênio nos hospitais em Manaus e foi omissa diante do tamanho do problema. O ministro Eduardo Pazuello é suspeito de crimes e investigado em inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal).

Os indícios estão em um relatório assinado pelo próprio ministro, em um documento da secretaria-executiva da pasta, em um plano de contingências montado para lidar com a crise no Amazonas, em relatórios de grupos independentes enviados ao estado e em emails e documentos da White Martins, empresa contratada pelo governo local para abastecer as unidades de saúde.

A Folha revelou no domingo (7) que um diretor da White Martins enviou um email ao Ministério da Saúde pedindo “apoio logístico imediato” para transportar 350 cilindros de oxigênio gasoso, 28 tanques de oxigênio líquido, 7 isotanques e 11 carretas com o insumo a Manaus.

A mensagem foi enviada no dia 11 de janeiro e não foi atendida em sua maior parte. Três dias depois, o sistema colapsou e pacientes morreram asfixiados nos hospitais. (…)

O próprio Pazuello escreveu, em um “relatório parcial de ações” referente ao período de 6 a 16 de janeiro, que houve a detecção da “gravíssima situação dos estoques de oxigênio hospitalar em Manaus”, “logo no início do período”. Segundo o ministro, a quantidade de insumo era “absolutamente insuficiente para o atendimento da demanda crescente”.

O relatório foi elaborado em 17 de janeiro. Segundo Pazuello, a evolução da escassez de oxigênio “fez crescer de importância a visita, já programada, do Ministério da Saúde e seu secretariado a Manaus, alterando, inclusive, a programação original, para que fossem incluídas visitas a instalações ligadas ao armazenamento e manejo de oxigênio hospitalar”.

O general esteve em Manaus entre 10 e 13 de janeiro. O colapso ocorreu no dia 14. (…)