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Pesquisa mostra que 45% dos caminhoneiros souberam da paralisação por WhatsApp; 9% via Facebook

O DCM recebeu a seguinte nota:

A Ipsos e o Truckpad, o primeiro aplicativo de cargas para caminhoneiros do Brasil, realizaram em parceria uma pesquisa online com caminhoneiros usuários da plataforma. As entrevistas foram realizadas em 29 de maio e têm por objetivo captar o humor dos caminhoneiros neste momento.

A PARALISAÇÃO

Uma primeira informação que o levantamento traz é a confirmação da influência da Internet na formação da paralisação. Dos cerca de 1,3 mil caminhoneiros participantes, 45% tomaram conhecimento do movimento pelo WhatsApp e 9% via Facebook, ou seja, as redes sociais foram o meio de disseminação da paralisação para mais da metade dos caminhoneiros.

Cabe notar, ainda, que apenas 1% foram convocados por sindicato ou associações, mostrando que realmente trata-se de um movimento iniciado pela coletividade dos motoristas, não tendo partido de nenhuma organização central. A grande maioria (82%) informou não fazer parte de nenhuma associação. Mesmo entre os que possuem alguma filiação, nenhuma surgiu com maior destaque, sendo Sindcam (1%) e Abcam (1%) as mais citadas.

A SITUAÇÃO ATUAL

Apenas 3% dos caminhoneiros estavam rodando normalmente no momento da entrevista. A maior parte estava em casa, e apenas 24% em manifestação, nas estradas. Portanto, ainda que tenham reduzido os bloqueios nas estradas, boa parte dos motoristas ainda não retornaram ao trabalho.

PERSPECTIVA

A depender da disposição dos caminhoneiros, a discussão ainda está longe de terminar. Do total, 65% informaram estarem dispostos a continuar parados até alcançar as reivindicações. Este percentual poderia indicar que os compromissos assumidos pelo governo ainda não foram totalmente disseminados entre a categoria. Porém, quando perguntados sobre o que falta para acabarem com a paralisação, as principais respostas são “Redução maior ainda no preço do diesel”, e “Garantias de que o preço será controlado no longo prazo”, evidenciando uma falta de confiança nos compromissos assumidos.

Os caminhoneiros também foram questionados sobre quanto tempo imaginam que a paralização irá continuar – a depender da disposição deles e a união da categoria. A maioria, 51%, disse que a categoria continuará parada o tempo que for preciso, até que suas reivindicações sejam atendidas.

Em resumo, as principais reinvindicações estão diretamente relacionadas com a atividade do caminhoneiro e sua viabilidade econômica, não há um movimento sindical forte, e a internet desempenhou um papel fundamental na mobilização de uma categoria, que perdurará pelo tempo que julgarem necessário.

Mas há também uma parcela importante de manifestantes que apontam uma motivação mais ampla, atingindo o espectro político e democrata. O pedido de renúncia do presidente Michel Temer foi feito por 32% dos manifestantes, e 31% pedem intervenção militar no governo federal.

Lendo os comentários que acompanham os questionários, os respondentes puderam verbalizar livremente suas motivações, e algumas frases ilustram bem o humor do caminhoneiro em relação aos políticos: “Exclusão dos benefícios dos políticos”, “Que tenhamos um governo com mais transparência e menos corrupção para conquistarmos nossos objetivos”, “Os políticos que estão lá só sabem jogar todos os encargos em cima de nós, assim fica difícil de trabalhar, só pensam em roubar e veja aonde chegamos”.

Caminhoneiro e caminhão em Brasília. Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil