Apoie o DCM

Polícia Federal admite receio com eventual governo Temer

Do Uol:

 

O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Carlos Eduardo Sobral, afirma que a categoria não vai aceitar interferência nos seus trabalhos se houver mudança de governo caso o Senado ratifique o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Se houver qualquer tentativa de intimidação e interferência nós vamos resistir e chamar a população para o lado da Polícia Federal”, disse Sobral em entrevista.

A provável mudança de governo ameaça a atuação da Polícia Federal? 

Infelizmente a Polícia Federal ainda não tem a sua autonomia prevista na Constituição da República. O nosso diretor-geral não tem mandato, pode ser demitido a qualquer tempo. A saída do diretor-geral implica mudança de mais de 200 delegados que exercem função de chefia, de coordenação. Então uma mudança de governo traz um risco, primeiro pela possibilidade de paralisação do órgão em caso de troca na chefia. Depois esse componente político, porque há vários membros do poder político investigados pela PF, e evidentemente quem vai nomear o corpo diretivo da Polícia Federal passa por esse filtro político.

Os delegados estão com receio?

Estamos sim, há um clima de receio por falta dessa força institucional, de não termos a autonomia garantida na Constituição. Temos receio sim, se falarmos que não é mentira, e o cenário político é de intensa instabilidade.

Receio de um eventual governo Temer? 

Não especificamente de um governo Temer, da pessoa, mas (do que pode acontecer) em um cenário de instabilidade política no qual há uma investigação policial de grande envergadura (Lava Jato) que acaba por ter como envolvidos políticos. Evidente que neste cenário causa grande apreensão. Não fazemos essa avaliação em relação a partido A, B ou C. Nós temos um contexto de que políticos e pessoas com poder econômico sendo investigados e que esta fragilidade pode ser que haja ações pra interferir nas investigações.