Porta-voz demitido por Bolsonaro pode lançar livro com frases do presidente

Demitido do cargo de porta-voz da Presidência da República em 2020, sem nem direito a um encontro final com Jair Bolsonaro, o general Otávio Rêgo Barros é metódico e gosta de anotações, informa Amanda Almeida na Coluna de Lauro Jardim no Globo.
LEIA MAIS:
1 – DCM Ao Meio: Txai Suruí fala sobre COP26, Amazônia e ameaças que recebeu após ataque de Bolsonaro
2 – VÍDEO: Avião que caiu com Marília Mendonça é retirado da correnteza
3 – Exclusivo: Em mensagens, Dallagnol combinou com procuradores como pressionar juízes e promotores
Porta-voz quer lançar livro com frases de Jair Bolsonaro
Em quase dois anos em que ocupou o cargo, anotou tudo o que podia em moleskinis que sempre levava consigo.
Especialmente, as audiências com o presidente, cujas falas o general registrava textualmente, sempre aspeadas, mesmo que fossem impublicáveis na função de porta-voz.
Hoje na reserva, Rêgo Barros reúne uma coleção desses caderninhos que, de acordo com amigos, podem virar um livro futuramente.
Rêgo Barros critica “megalomania” de Bolsonaro em artigo
Em artigo publicado no Correio Braziliense, o antigo porta-voz do governo Bolsonaro criticou o presidente em fevereiro de 2021.
O general foi exonerado em outubro de 2020.
Usando o livro “Diálogos sobre o Comando” do escritor e filósofo francês André Maurois, ele pediu “um parlamento forte e independente que impeça a megalomania dos grandes”.
“Maurois, no personagem do Filósofo, considerava que ‘não há felicidade sem liberdade’, e avança ao afirmar que nos regimes onde sobrevive a escravização dos espíritos, a proibição de pensar, de falar e de julgar os governos, a existência não é tolerável. É nessa condição que o chefe, pouco a pouco, se cerca de fanáticos e bajuladores, e escoima aqueles que eventualmente discordam de suas certezas. Não é informado por temor de ser desagradado, não detendo, em consequência, as melhores condições para servir aos subordinados. Reforça Maurois que não encontrou chefe sem controle que não tenha perdido a cabeça”.