“Grave, criminoso e cruel”, diz Cristina Serra sobre Prevent Senior

Para Cristina Serra, o caso da Prevent Senior é “grave, criminoso e cruel”. Ela lamenta que, apesar da denúncia, isso “se encaixa na lógica do modelo de negócio dos planos de saúde”.
Em sua coluna na Folha, a jornalista trata da denúncia contra a operadora de saúde. Segundo um dossiê, a empresa conduziu um estudo que omitiu o número de mortos para falsear resultados, mandou médicos mentirem para pacientes sobre a prescrição do “kit covid” e subnotificou mortos pela doença.
“Para capturar incautos, prometem mundos e fundos”, prossegue. “Na prática, dificultam o acesso aos serviços, sobretudo se o paciente precisar de uma internação, um dos itens mais caros do setor”.
A Prevent Senior trata do público idoso e, portanto, o mais afetado pela pandemia nos primeiros meses dela. “O tal modelo de negócio implode porque, de uma hora para outra, milhares de clientes precisam dos leitos mais caros, em UTIs, e por muito tempo”, resume Cristina.
“Daí para empurrar cloroquina goela abaixo dos pacientes e vender a ilusão de que eles poderiam se tratar em casa é um pulo”, prossegue.
A colunista ainda diz que o caso “nos faz refletir sobre médicos e monstros”. Também critica a saúde “tratada como negócio”. “A alternativa nós já temos. É preciso fortalecer e aumentar o investimento no Sistema Único de Saúde, o nosso SUS, porque saúde é direito humano e coletivo”, completa.
Leia também:
1 – Operadora de saúde pode responder por pelo menos três crimes
2 – Quem é a médica bolsonarista que tratou mãe de Luciano Hang com ozonioterapia
Entenda a denúncia contra a Prevent Senior
A Prevent Senior ocultou mortes de pacientes em estudo sobre a cloroquina. A pesquisa foi apoiada por Jair Bolsonaro. O plano de saúde testou a eficácia da hidroxicloroquina, associada à azitromicina, para tratar da covid-19. Nove pessoas morreram durante os testes, mas só duas foram mencionadas.
Os estudos foram manipulados para demonstrar uma falsa eficácia da droga. Um médico que trabalhava na operadora afirmou que o resultado já estava pronto antes da conclusão dos testes.
O dossiê que está na posse da CPI da Covid cita que as irregularidades partem de acordo entre o governo Bolsonaro e a Prevent. O estudo foi um desdobramento da negociação.
Das nove pessoas que foram a óbito, seis tomaram cloroquina e azitromicina. Dois não ingeriram a medicação e um deles não se sabe o papel. Houve, pelo menos, o dobro de mortes entre os que tomaram as drogas. Em pré-print publicado em 15 de abril, o cardiologista Rodrigo Esper, também diretor, só mencionou duas mortes.