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Prevent Senior foi “do paraíso ao inferno” na pandemia, diz Elio Gaspari

Veja o Elio Gaspari
Elio Gaspari. Foto: Reprodução/DCM

O jornalista Elio Gaspari, em sua coluna na Folha de S.Paulo neste domingo (26), afirma que a Prevent Senior foi “do paraíso ao inferno” com denúncias na pandemia e na CPI da Covid.

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O sobe e desce da Prevent Senior segundo Elio Gaspari

Escreve Elio Gapari:

“Enquanto o mercado operava sem controlar seus custos, a Prevent era fechada. Tinha seu plantel de médicos, seus laboratórios, seus hospitais e suas clínicas. Em 2017, o mercado teve autorização para aumentar suas mensalidades em 13,55% e a Prevent subiu só 6,5%. Seu ticket médio estava em R$ 509. À época já tinha 327 mil clientes”.

Ele desenvolve:

“Em março de 2020, quando a pandemia mal tinha chegado ao Brasil a Prevent tinha 212 casos suspeitos de Covid, oito confirmados e 40 clientes internados. Sendo uma operadora que atendia idosos, isso era compreensível. No dia 17 de março morreu um de seus clientes. Autoridades sanitárias puseram o nome da empresa na roda e a Prevent honrou o público blindando-se em ameaçador silêncio.

No dia 1º de abril, o ministro Luiz Henrique Mandetta mostrou-se preocupado porque 58% das mortes de São Paulo aconteceram em hospitais da Prevent. Fernando Parrillo, presidente da empresa, atirou de volta: ‘Falar de modelo de negócio com quem veio de cooperativa médica, que não paga imposto, é complicado’. Mandetta havia sido presidente da Unimed Campo Grande (MS).

Como a Prevent estava ameaçada de intervenção, Parrillo argumentou que esse assunto era da alçada da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Brasília entrava na dança.

Nesses dias, Jair Bolsonaro falava em ‘gripezinha’ e já havia proclamado sua fé na cloroquina, determinando ao ‘seu’ Exército que passasse a produzi-la. Médicos renomados tomavam a medicação.

Acreditar na cloroquina em março e abril de 2020 era um fato da vida. Nos meses seguintes, e até hoje, tornou-se um fato da morte. Bolsonaro continuou convicto e a Prevent foi atrás.

Meteu-se numa pesquisa de fancaria exaltada publicamente pelo presidente. Passou a receitar cloroquina sem o conhecimento de pacientes. Manipulou documentos que resultaram na omissão da letalidade da Covid. Daí a ameaçar médicos, seria um passo e ela o deu”.

E conclui:

“Havia uma diferença entre as pessoas que defendiam a cloroquina em março de 2020 e a obsessão bolsonariana. Num caso havia alguma incerteza científica. No outro, havia o exclusivo propósito da instrumentação política. Passado mais de um ano, e meio milhão de mortos, Fernando Parrillo reconheceu para as repórteres Patrícia Pasquini e Suzana Singer que a pesquisa não era pesquisa, pois havia acontecido um ‘deslize’.

Admitiu, finalmente, que o famoso estudo da Prevent não mostrou que a cloroquina funcionava contra a Covid”.

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Elio Gaspari. Foto: Reprodução/DCM