Professor que se vestiu de KKK diz que estava encenando “peça teatral” da escola

Professor foi afastado após usar roupa que remete à Ku Klux Klan em escola de São Paulo Foto: Reprodução

O professor de História Luiz Antônio Bortollo, que apareceu com uma roupa da Ku Klux Klan (KKK) andando pela Escola Estadual Amaral Wagner, em Santo André (SP), se manifestou após a repercussão do caso na mídia.

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Ele divulgou, nesta quarta-feira (22), uma nota em que pede desculpas pelo ato. O educador justificou que usou o traje para divulgar uma peaça teatral do colégio que denuncia o racismo.

O Grêmio Estudantil e a Atlética da instituição informaram que o professor foi vaiado, retirado da quadra pelos estudantes e encaminhado para a direção, onde prestou esclarecimentos sobre o ocorrido. Ele está afastado do cargo.

Luiz Antônio afirmou que tudo não passou de um “mal entendido criado a partir de uma filmagem feita em festa de final de ano na escola, postada nas redes sociais”.

“No dia 8 de dezembro, na festa de final de ano da escola, professores e alunos foram convidados a vir fantasiados. Nesse momento, no desejo de me alinhar aos alunos, já fantasiados, peguei a veste da KK Klan que estava em meu armário e a vesti, para divulgar a nossa peça teatral, que seria agora encenada e apenas filmada, e distribuída a todas as classes, por causa da pandemia, mas depois, seria apresentada na semana do 13 de maio, por ocasião da libertação formal dos escravos”, explica ele no comunicado.

Leia abaixo a íntegra da carta divulgada pelo professor:

Eu, LUIZ ANTÔNIO BORTOLLO, professor de História da Rede Estadual de Ensino, docente na Escola Estadual Amaral Wagner em Santo André – SP, e profundamente antirracista, venho esclarecer um grande mal entendido criado a partir de uma filmagem feita em festa de final de ano na escola, postada nas redes sociais. Nesta filmagem, apareço vestido com roupas da famigerada Ku Klux Kan, grupo racista e supremacista branco dos EUA.

Isso foi denunciado erroneamente nas redes sociais como se eu estivesse fazendo apologia do racismo, e por conta disso venho sendo execrado nas redes sociais e nos meios de comunicação.

Mas a verdade dos fatos é o seguinte: desde 2017, ainda na Escola Oscavo de Paula, monto uma peça teatral de denuncia do racismo, no mês da consciência negra, em que existem personagens vestidos de Klan.

Nesse ano, na Escola Amaral Wagner, pretendia fazer o mesmo, com o conhecimento e autorização verbal da direção escolar.

Mas não foi possível por conta da pandemia, razão pela qual a peça deveria ser filmada.

No dia 8 de dezembro, na festa de final de ano da escola, professores e alunos foram convidados a vir fantasiados. Nesse momento, no desejo de me alinhar aos alunos, já fantasiados, peguei a veste da KK Klan que estava em meu armário e a vesti, para divulgar a nossa peça teatral, que seria agora encenada e apenas filmada, e distribuída a todas as classes, por causa da pandemia, mas depois, seria apresentada na semana do 13 de maio, por ocasião da libertação formal dos escravos.

Muitos dos meus alunos entenderam perfeitamente o que aconteceu.

Neste momento, fui filmado por celular e essa filmagem gerou a denúncia contra mim, por pessoas que desconheciam o contexto. Fiquei pouquíssimo tempo vestido com tais vestes, porque de fato não faria sentido permanecer com elas mais tempo.

Peço aqui desculpas sinceras pelo choque causado, mas reitero que a intenção era a divulgação da nossa peça teatral. Porque de fato a simples visão da indumentária desses racistas facínoras, a quem eu repudio, é digna de asco.

Mas o fato é totalmente diferente do que vem sendo divulgado contra mim, seja nas redes sociais, seja nos meios de comunicação.

E aproveito para reafirmar meu firme propósito de continuar fazendo de minha atividade como professor um instrumento de desenvolvimento de consciências críticas, de pessoas que possam combater com firmeza, entre outras pragas, o racismo estrutural que infelizmente ainda se faz presente em nossa sociedade.

Santo André, 22 de dezembro de 2021

Luiz Antônio Bortollo

O que aconteceu no vídeo com o Ku Klux Klan?

Essa cena foi registrada na Escola Estadual Amaral Wagner, em Santo André (SP), e repudiada por parlamentares nas redes.

“Inaceitável! Estou acionando a Seduc e a Diretoria de Ensino de Santo André contra essa cena racista e deplorável de um professor fantasiado com a roupa da Ku Klux Klan, dentro da EE Amaral Vagner. Racistas, não Passarão!”, escreveu Giannazi.

Vereador Wesley da Dialogue (Podemos), de Araçatuba (SP), também divulgou a cena em suas redes sociais. Ele afirmou que o homem em questão é professor.

A gravação foi compartilhada em páginas como Quebrando Tabu.

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Davi Nogueira

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