Rússia usa na Ucrânia táticas de destruição da Síria, diz Jamil Chade

O jornalista Jamil Chade, correspondente internacional do UOL, afirmou nesta segunda-feira (14) em sua coluna que a Rússia está repetindo na Ucrânia as “táticas de destruição” usadas contra a Síria. De acordo com ele, especialistas, diplomatas e serviços de inteligência creem que “Moscou usou exatamente a mesma estratégia para ajudar o regime sírio a se livrar de terroristas e de opositores, reconquistando cidades e regiões”.
A Rússia muitas vezes culpou os próprios rebeldes pelos ataques com armas químicas que atingiram áreas de oposição. Agora, o país pode estar desenvolvendo preventivamente uma narrativa semelhante sobre a Ucrânia para justificar ataques mais agressivos.
A dinâmica do conflito na Síria mudou radicalmente em 2015 quando o ditador Bashar Al Assad conseguiu o apoio de Vladimir Putin. O presidente russo ajudou a alimentar grupos da oposição e “mudou o curso da história do Oriente Médio”, segundo Jamil Chade.
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“Essencialmente, o jogo aqui é criar uma narrativa em que você argumenta que seu oponente está prestes a usar essas armas hediondas para justificar uma ação militar brutal contra eles”, afirma Hanna Notte, pesquisadora do VCDNP (Vienna Center for Disarmament and Non-Proliferation).
“Se houver um ataque a Kiev ou a outras grandes cidades ucranianas nos próximos dias, essa narrativa pode preparar o terreno para isso”, acrescenta ela.
Os recados da Rússia sobre armas químicas carregam ecos de um ataque com gás em subúrbios rebeldes em Damasco em 2013. Em um artigo de opinião no New York Times, Putin argumentou que os rebeldes haviam encenado um ataque clandestino para incentivar a intervenção internacional. Depois que o então presidente dos EUA, Barack Obama, disse que as armas químicas eram seu “limite” na Síria.
“Outra tática que parece se repetir é o ataque contra escolas e hospitais. Numa ofensiva para aterrorizar civis e gerar um êxodo em massa. Numa declaração neste domingo, a OMS acusou a Rússia de atacar mais de 30 centros de saúde na Ucrânia”, diz Jamil Chade.
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