Sacado por Dino do comando da PRF, Camata diz que Lava-Jato “se perdeu”

Substituído um dia após ter sido anunciado como diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Edmar Camata disse nesta quarta-feira (21) em entrevista à coluna de Bela Megale do O Globo, que a Lava-Jato “acabou se perdendo” e que, sabendo dos rumos da operação, “talvez não faria” as manifestações de apoio e as críticas ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Sabendo de tudo que aconteceu e os rumos da Lava-Jato, talvez eu não faria, é algo a ser avaliado. Mas naquele momento fiz, assim como muitas pessoas que estão no governo fizeram também. Agora não é mais hora de refletir sobre isso”, disse o atual Secretário de Controle e Transparência do Espírito Santo.
Camata ainda diz que “lamenta” a decisão do futuro ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB). O policial soube que não assumiria mais o posto meia hora antes do anúncio oficial, nesta tarde. Agora, o cargo foi ocupado pelo policial rodoviário federal Antônio Fernando Oliveira.
“Aquilo foi uma leitura do momento. Para ter uma opinião hoje sobre isso é preciso olhar muito o que foi decidido nesses processos. Qualquer opinião que eu der pode ser mal interpretada. Mas é fato que, em nome do combate a corrupção, não se pode ultrapassar garantias que estão na lei”, responde Camata ao ser questionado se reveria as postagens sobre a defesa da prisão de Lula.
“Fiz aquelas críticas em um contexto e não fazer por fazer. Eu estudo a área. Sou mestre em políticas anticorrupção pela Universidade de Salamanca e atuo nesta área como professor de compliance. Esse debate faz parte da minha vida. Durante 12 anos, administrei uma entidade de combate à corrupção no terceiro setor que era um braço na Transparência Brasil. Tenho um contexto de atuação nesse segmento”, finaliza.