Apoie o DCM

Tirando o desmonte da Previdência, com o fim da aposentadoria, Bolsonaro fracassou, diz Míriam Leitão

Bolsonaro

Da coluna de Míriam Leitão no Globo:

Tanto na área da economia como no combate à corrupção, o presidente Bolsonaro chega ao meio do mandato sem ter cumprido e, muitas vezes, sabotando a própria bandeira defendida durante a campanha. Na área econômica, foi um ‘meio fracasso’ porque a reforma de previdência foi aprovada. No entanto,  o presidente não se envolveu pessoalmente nesta agenda. Toda vez que ele entrou na negociação ou na discussão foi para proteger o grupo que ele sempre defendeu como deputado, o pessoal da área de segurança.  Para as Forças Armadas, houve um aumento de benefícios, principalmente para as patentes superiores.

A reforma foi apenas levada à frente porque o país já estava discutindo o tema há muito tempo. Tinha sido proposta pelo ex-presidente Michel Temer e havia um desejo no Congresso, principalmente do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, de que fosse aprovada. A agenda liberal está arquivada.  Paulo Guedes frustrou toda a aposta do mercado financeiro nele. A função do ministro da economia é convencer o presidente a cumprir a proposta. E ele não brigou pela pauta. E não é por causa da pandemia: o presidente não acredita na privatização nem na abertura da economia.

O combate à corrupção, outro tema levantado na campanha, fracassou totalmente. A explicação é que o presidente não tem nenhuma aderência a esta pauta. Ele pegou artificialmente, pois era uma bandeira que estava quicando no mercado eleitoral, havia um desejo da população. Muita gente acreditou nele nas promessas e se frustrou.  A frustração vem porque o presidente usou o aparelho do Estado para tentar proteger seus filhos de acusações de desvios de recursos públicos. Além disso, tirou Sergio Moro que representava a suposta adesão dele à bandeira anticorrupção. O  projeto anticrime, enviado pelo ex-ministro ao Congresso, foi sabotado pelos próprios defensores do presidente.

x.x.x.x

PS do DCM: A colunista de O Globo esquece de apontar como outra conquista, sob sua ótica, obviamente, o aprofundamento do desmonte das leis trabalhistas – combinando isso com a reforma da Previdência o cenário não será outro senão o fim do sonho da aposentadoria, já que apenas um número ínfimo de brasileiros vai conseguir alcançar o direito.

É uma injustiça Míriam defender que Bolsonaro não entregou a agenda liberal. Entregou, sim. E entregou o que o setor liberal mais queria.