Estadão tenta convencer leitores que queda no preço do filé mignon é má notícia

Atualizado em 15 de setembro de 2023 às 23:51
Filé mignon. Foto: Reprodução

O Estadão publicou nesta sexta-feira (15) uma matéria inacreditável criticando a queda do preço do filé mignon. Nela, o jornal argumentou que a redução nos preços de alguns alimentos pode ter um impacto negativo para o “bolso” dos brasileiros.

Intitulada “Preço do filé mignon cai e seu bolso pode sofrer mais com isso”, o Estadão trouxe a opinião de dois especialistas em Economia.

O preço do filé mignon caiu 16,95% e foi o corte com maior queda de preço de janeiro a agosto deste ano, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última terça-feira (12). O corte nobre ficou em 7º lugar entre os produtos que tiveram maior redução.

Durante a semana, o presidente Lula fez uma postagem em seu Twitter questionando a preferência das pessoas: picanha ou filé mignon, junto com a notícia da queda de preço dos cortes.

Questionado se os brasileiros devem aproveitar para “incrementar o cardápio” ou economizar, o professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Julian Portilho, disse que a redução porcentual é positiva, mas precisa ser encarada com cautela.

Print da reportagem do Estadão sobre a queda do preço do filé mignon. Foto: Reprodução

Para Luan Alves, analista chefe da VG Research, “não faz sentido um consumidor passar a comer filé mignon só porque caiu um pouco”. “Tem que ter um controle orçamentário. Mas se ele já consome, é um item que faz parte do seu dia a dia, o impacto passa a ser mais positivo”, alegou.

Como lembrou Leonardo Sakamoto, durante a campanha eleitoral de 2022, diante da promessa de Lula de que, em seu governo, as famílias voltariam a comer picanha e tomar cerveja, o então candidato Jair Bolsonaro disse que a promessa era “conversa mole” e ainda cravou que não haveria “filé mignon pra todo mundo”. Qualquer coincidência com o discurso do Estadão, não parece ser coincidência.

A matéria mostra, mais uma vez, a má vontade do Estadão, que pode ser estendida à toda grande imprensa, com os fatos positivos do governo, principalmente no campo econômico: por ela os números positivos do PIB, a queda da inflação e os bons números da balança comercial, por exemplo, sempre encontram fatores independentes da atuação estatal ou ainda são atribuídos à “sorte” de Lula.

Após a repercussão negativa da reportagem, o Estadão alterou o título da publicação “porque o original poderia induzir ao entendimento de que a queda no preço de alguns alimentos teria um efeito negativo para o bolso”.

Segundo o jornal, a “orientação dos especialistas é que o consumidor tome cuidado para que a redução de preços não provoque um aumento exagerado de consumo de alguns itens e gere descontrole no orçamento mensal”.

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