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Estudantes brasileiros dizem ser tratados como criminosos na Argentina de Milei

Estudantes na Universidade de Buenos Aires, que tem 4% de estrangeiros, principalmente brasileiros. Foto: reprodução

Após mudanças repentinas nas políticas de imigração argentina impostas pelo presidente Javier Milei, estudantes brasileiros têm enfrentado dificuldades para ingressar no país vizinho. Mais de 30 jovens foram barrados nos dois primeiros meses de 2024, mesmo seguindo os protocolos tradicionalmente aceitos nos últimos anos.

Uma das estudantes impedidas de entrar na Argentina, relatou sua experiência traumática no aeroporto argentino, onde foi tratada com desrespeito pelas autoridades migratórias. “Eram cinco pessoas me escoltando no aeroporto, como se eu tivesse cometido um crime. Me senti humilhada”, contou a brasileira que também foi acusada de ser uma “falsa turista”.

A situação se agrava com a mudança abrupta nas exigências migratórias. Antes, os brasileiros podiam chegar à Argentina como turistas e posteriormente pleitear a residência, dentro de um acordo bilateral entre os países. No entanto, agora as autoridades migratórias argentina passaram a exigir que os estudantes já tenham toda a documentação pronta antes mesmo de desembarcar no país.

Advogados e especialistas apontam para uma resistência maior por parte de Milei em relação à entrada de estrangeiros. Enquanto o governo argentino nega qualquer mudança oficial nas políticas de imigração, os relatos dos estudantes barrados indicam o contrário.

Javier Milei, presidente da Argentina. Foto: reprodução

“O que sempre aconteceu foi que os brasileiros ingressavam como turistas na Argentina e pediam só depois o direito à residência. Tinham 90 dias para isso. Quando todo o trâmite terminava, eles passavam a ter os mesmos direitos e obrigações que os cidadãos argentinos”, explicou Liziana Andrea Amaran, advogada nos dois países.

A falta de comunicação prévia sobre essas mudanças causa indignação entre os afetados, que veem seus planos de estudo e vida pessoal prejudicados.

“Perguntei quais eram esses requisitos, mas ele não respondeu. Tentei explicar que o Brasil e a Argentina têm um acordo e que eu poderia, sim, dar entrada na documentação só depois. Ele respondeu: já tomei a decisão e nada vai mudar isso”, contou outro estudante em entrevista ao G1.

O governo argentino afirmou que não fez mudanças, e que esses estudantes barrados não representam 0,5% dos brasileiros que foram ao país. “Para entrar como turista, precisam ter os requisitos de turista, como passagem de volta. Não dá para ser metade turista, metade estudante. Sempre foi assim”, disse em comunicado. 

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Augusto de Sousa

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