Exclusivo: como um grupo de adolescentes, usando suástica no celular, planejou “o maior atentado do Brasil”

Atualizado em 2 de setembro de 2021 às 17:43
Adolescentes planejavam o atentado via WhatsApp
Adolescentes queriam “matar todo mundo” e um deles tinha suástica nazista desenhada na capa do celular

Em agosto, a polícia civil deteve dois adolescentes por planejar atentado numa escola no Rio Grande do Norte. Eles queriam usar coquetel molotov para “matar todo mundo” e posteriormente cometer suicídio.

Os dois jovens eram primos. Um deles (com 15 anos) morava em Campo Redondo (RN) e o outro (14), em Itumbiara (GO). O mais novo tinha viagem marcada para o estado enquanto eles planejavam o atentado por meio de mensagens do WhatsApp.

Eles ainda não haviam decidido qual unidade educacional atacariam. Por meio do setor de inteligência das corporações envolvidas, a ação foi impedida. 

O intuito dos suspeitos, segundo a agente Andréa Costa, era “realizar o maior ataque do Brasil”.

“Observou-se que o desejo era matar o maior número de pessoas e ser o maior ataque do Brasil, com a possibilidade de cometerem suicídio ou serem mortos por terceiros para cessar o ataque”, diz a policial.

A motivação do crime, conta, foi um suposto bullying sofrido pelos jovens: “De acordo com os diálogos dos adolescentes, a causa seria o bullying sofrido por eles na escola que estudam ou estudaram. Apresentavam uma fúria, malevolência e braveza inexplicáveis”.

Além da dupla de primos, outros dois suspeitos faziam parte dos planos.

A corporação apurou que os quatro jovens apresentavam características violentas e queriam “incutir medo e pânico às vítimas”. 

As equipes localizaram os adolescentes em sua casa, onde confirmaram o plano. O jovem de Itumbiara estaria com viagem marcada para interior do estado.

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Assassinatos, escolas e suicídio: um roteiro conhecido

Atentados a escolas usando armas de fogo se tornaram um roteiro comum. Neste caso, os suspeitos se inspiravam em Columbine, que ocorreu nos Estados Unidos em 1999 e se tornou um dos casos mais famosos.

“Os suspeitos almejavam serem influências, inspirações, mártires para que comungassem das mesmas ideias”, diz Andréa.

Entre 2002 e 2017, o Brasil teve pelo menos sete casos marcantes: Salvador (BA), em 2002; Realengo (RJ), em 2011; Corrente (PI), em 2011; São Caetano do Sul (SP), em 2011; João Pessoa (PB), em 2012, Goiânia (GO), em 2017. Após Suzano (SP), em 2019, os atentados se tornaram comuns.

O massacre que ocorreu em maio deste ano em Saudades (SC) foi um dos que mais chocou o país. Um jovem deixou cinco mortos e uma criança na UTI em estado grave.

Diversos desses casos foram planejados e louvados em fóruns da deep web. Neste caso, além do roteiro, eles utilizavam um símbolo muito comum na parte obscura da internet: a suástica nazista.

Apesar das similaridades, a polícia não encontrou indícios de que o ataque tenha sido planejado fora dos aplicativos de mensagens.

Segundo o Ministério da Justiça, pelo menos 10 massacres do tipo foram evitados em 2021.