Executivo do Santander sugere “pedir ajuda” do BNDES para ser favorecido em edital de R$ 15 milhões

Atualizado em 26 de junho de 2023 às 19:36
Líder de inovação sustentável do Santander, Leonardo Fleck, sugere pedir ajuda do BNDES para ser favorecido em edital milionário. Foto: Reprodução

Em reunião, um representante do Santander sugeriu a outros bancos pedirem ajuda do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para ganhar um edital. O caso ocorreu em maio de 2022, durante uma reunião interna do Plano Amazônia, iniciativa criado por Bradesco, Itaú e Santander para “contribuir para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”. A informação é do Intercept Brasil.

A ideia foi sugerida por Leonardo Fleck, líder de inovação sustentável do Santander, que promete “pedir ajuda” ao então presidente do banco, Gustavo Montezano, para embolsar R$ 15 milhões em um edital do banco. A ideia era que os banco integrantes do grupo participassem do edital de blended finance, um financiamento não reembolsável de iniciativas com impacto social ou ambiental positivo, do BNDES.

A iniciativa ocorria em conjunto com a Fundação CERTI, organização de Santa Catarina de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. A proposta que seria enviada ao BNDES pedia R$ 15 milhões e Fleck sugeriu pedir ajuda para Montezano e Leonardo Ceron, então consultor da presidência do banco estatal.

“Eu estou interagindo bastante com o BNDES, com o Léo Ceron, com as equipes deles lá que estão tocando isso. Até tive uma interação com o Montezano, e a gente vai ter uma agenda com ele em Brasília, nós Santander institucional. E, se a gente concordar em entrar, eu vou dizer: ‘Olha, estamos com uma proposta com os três bancos, ajuda a gente aí’. Vou usar a nossa influência. Vocês também, os contatos”, afirma.

Em resposta, Fabiana Costa, gerente de sustentabilidade do Bradesco, diz que os diretores do seu banco podem tentar conversar com representantes do BNDES. “Com certeza, os nossos COs têm um relacionamento ótimo com eles, então dá até para puxar uma agenda depois”, afirma.

Os bancos do Plano Amazônia acabaram não sendo contemplados pelo edital, mas o BNDES afirmou, em nota, que vai solicitar a abertura de uma auditoria interna para apurar se houve alguma irregularidade. “Caso a auditoria constate algum tipo de ilegalidade, o banco tomará as medidas legais cabíveis de responsabilização contra eventuais envolvidos”, diz o banco estatal.

Leonardo Ceron afirmou que nunca recebeu pedido de favorecimento de Leonardo Fleck e Gustavo Montezano não se pronunciou sobre o caso.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link