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Fala de Orbán sobre pureza racial choca comitê de sobreviventes de Auschwitz

Primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. Foto: Attila KISBENEDEK/AFP

 

O Comitê Internacional de Auschwitz, formado em 1952 por sobreviventes do famoso campo de concentração nazista, hoje um memorial localizado na Polônia, afirmou nesta terça-feira (26) ter ficado “horrorizado” com os comentários do primeiro-ministro húngaro e aliado de Jair Bolsonaro, Viktor Orbán, sobre uma “raça húngara não-misturada”, apelando para que a União Europeia “se distancie de tais conotações racistas”.

O discurso “estúpido e perigoso” do líder ultranacionalista de extrema direita lembra aos sobreviventes do Holocausto “os períodos sombrios de sua própria exclusão e perseguição”, disse Christoph Heubner, vice-presidente da organização, em uma declaração.

Ele chamou o chanceler austríaco Karl Nehammer, que está recebendo Orbán em visita oficial a Viena na quinta-feira (28), para defender a União Europeia. É necessário “fazer o mundo entender que Orbán não tem futuro na Europa”, cujos valores ele “nega conscientemente”.

Em um discurso no sábado (23), na Transilvânia romena, onde reside uma grande comunidade húngara, o líder nacionalista, conhecido por sua política antimigrante, reafirmou virulentamente sua rejeição a uma sociedade “multi-étnica”.

“Não queremos ser uma raça mista”, misturando com “não-europeus”, declarou ele.

Países “onde os povos europeus e não-europeus vivem juntos não são mais nações. Estes países não são mais do que conglomerados de povos”, afirmou Orban. Ele havia feito observações semelhantes no passado, mas sem usar o termo “raça”, de acordo com especialistas.

“Má interpretação”

O governo se defendeu nesta terça-feira, por meio do seu porta-voz Zoltan Kovacs, contra “uma má interpretação” das observações por “pessoas que claramente não entendem a diferença entre a mistura de diferentes grupos étnicos da esfera judaico-cristã, e a mistura de povos de diferentes civilizações”.

Orbán também fez uma alusão arrogante às câmaras de gás do regime nazista ao criticar o plano de Bruxelas de reduzir a demanda de gás europeia em 15%. “Não vejo como eles podem forçar os Estados-membros a fazer isto, embora haja know-how alemão neste campo, como o passado tem mostrado”, provocou.

A comunidade judaica húngara também se opôs ao discurso. “Muitas espécies diferentes habitam nosso planeta. Em duas pernas, trabalhando, falando e às vezes pensando, apenas uma espécie vive nesta terra: o Homo Sapiens. Esta raça é única e indivisível”, escreveu o rabino-chefe Robert Frölich no Facebook.

Entre os políticos, o ministro romeno das Relações Exteriores, Bogdan Aurescu, chamou tais “ideias” de “inaceitáveis”.

Publicado originalmente na RF1

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Fernando Miller

Fernando Miller, paulistano, advogado, palmeirense

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