
O criador da estátua do Borba Gato, homenagem aos bandeirantes na zona sul de São Paulo, é o artista plástico Júlio Guerra, que morreu de câncer aos 89 anos em 22 de janeiro de 2001.
Não é sua única obra – ele também é autor da escultura da Mãe Preta, no Largo do Paissandu, no centro, além da polêmica São Paulo Apóstolo, feita para ficar na entrada do Túnel 9 de Julho, que sofreu críticas por ser “muito colorida”.
Júlio nasceu, viveu e morreu em Santo Amaro, onde fica a estátua. Se gabou da inspiração para o Borba Gato ter sido “popular” e por não ter estética europeia, internacional. “Se orgulhava de ser um caipira”, diz uma reportagem do jornalista Sérgio Vaz para o Diário do Comércio.
O Borba Gato foi construído entre 1957 e 1963 e envolveu dramas pessoais da família de Júlio Guerra.
No ano de 1958, com um ano de trabalho, perdeu seu filho Jairo, de 14 anos. Ele se afogou na Represa Guarapiranga, onde moradores do bairro tinham momentos de lazer.
Elza Guerra Sanches conta o que o pai enfrentou: “Já avançava nas formas do bandeirante. As botas e outros detalhes estavam prontos. O sofrimento fez com que largasse tudo. Chegou a procurar tratamento de saúde. Com o tempo, voltou ao Borba Gato”.
O professor Eiji Yajima foi curador da mostra “Júlio Guerra – Memória, Escultura e Pintura”, divulgada pela Folha de S.Paulo em 2013.
O Borba Gato, uma escultura oca, foi muito lembrado por sua feiúra antes mesmo das críticas recentes por exaltar os caçadores de índios.
Yajima saiu em defesa do trabalho de Júlio Guerra na época: “Júlio pouco ligava. Ele fazia para o povo. Dizia: ‘Fale mal de mim, mas o importante é que estou sempre na mídia’. Fazia o que queria.”
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