Famílias Sem Terra sofrem despejo em áreas de monocultivo de eucalipto na Bahia

Atualizado em 7 de março de 2023 às 19:21
Famílias são despejadas de áreas de monocultivo de eucalipto. Foto: Reprodução

Nesta terça-feira (07), as famílias Sem Terra acampadas nas três áreas da empresa Suzano Papel e Celulose sofreram despejo. O primeiro aconteceu no período da manhã em Mucuri, logo depois, em Teixeira de Freitas e Caravelas, todas localizadas da região do extremo sul da Bahia.

As áreas foram ocupadas na última semana, como forma de cobrar um compromisso feito pela multinacional papeleira de dispor terras para assentar 650 famílias na região.

A reintegração de posse ocorreu de forma pacífica e foi acompanhada pela Assistência Social, muitos policiais militares (CAEMA) e pelos seguranças da empresa. Os trabalhadores e trabalhadoras rurais que sofreram o despejo seguiram para acampamentos vizinhos.

Mesmo após a desocupação da área, as famílias reafirmaram a disposição para fazer luta, para que seja reconhecido o direito Constitucional da execução da Reforma Agrária. E aguardam com expectativa o resultado da reunião mediada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), onde estarão reunidas as partes que representam a empresa, MST, governo federal e governo estadual, nesta quarta-feira (08), às 14h, em Brasília/DF.

Área da Suzano ocupada pelo MST na Bahia. Foto: Reprodução

Impactos do deserto verde dos eucaliptos

Em denúncia, Eliane Oliveira, da direção estadual do MST-BA, afirma que “no extremo sul da Bahia, 70% das áreas agricultáveis estão sob domínio da empresa Suzano, que está nesse território há mais de três décadas, causando problemas ambientais e sociais seríssimos”.

“As famílias que moram nas áreas próximas das instalações da papeleira, sofrem com a pulverização aérea de agrotóxicos, com o sumiço das abelhas, com os problemas relacionados à escassez hídrica e envenenamento das águas nos municípios, tudo isso como impacto do deserto verde dos eucaliptos”, completa Oliveira.

A partir disso, os Sem Terra questionam a quem interessa que este modelo seja reconhecido como “produtivo”, já que é a população, os trabalhadores e trabalhadoras da região que pagam o alto custo da suposta produtividade, que enriquecem multinacionais e empobrecem os locais.

Sabemos que a agricultura familiar emprega duas vezes mais que o agronegócio. Dos mais de 15 milhões de postos de trabalho ocupados por trabalhadores e trabalhadoras rurais, mais de 10 milhões são da agricultura familiar. Já o agronegócio, do qual faz parte as papeleiras, lucram bilhões sobre a superexploração da vida e dos recursos naturais.

Por essa razão, o Movimento luta por Reforma Agrária, fazendo contraponto à concentração fundiária, pela produção agroecológica e melhores condições de vida para as pessoas que vivem no campo, combatendo pela raiz os flagelos sociais, em especial, o combate à fome, à miséria e pelo desenvolvimento do campo por meio do cumprimento da função social da terra.

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