FBI envia documentos que corroboram depoimento de Cid sobre venda de joias, diz diretor da PF

Atualizado em 25 de novembro de 2023 às 8:35
Bolsonaro e Mauro Cid no túnel da Papuda. Foto: Isac Nóbrega/PR

Em mais uma reviravolta para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues, revelou em uma entrevista à CNN que documentos enviados pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) corroboram a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do governo de extrema-direita. A declaração foi feita em meio às investigações sobre um esquema ilegal de venda de joias da Presidência da República.

Rodrigues ressaltou que parte das informações cedidas pelo FBI já chegou ao Brasil, enquanto outras devem ser recebidas em breve. Ele explicou que o processo é lento, dependendo da autoridade central dos dois países envolvidos. A colaboração do FBI visa avançar nas investigações, após a PF acionar a agência norte-americana em agosto deste ano.

“Já começamos a receber as primeiras documentações e as primeiras informações que vão na esteira do que falávamos antes e vão corroborando aos depoimentos e a própria colaboração premiada que foram feitas, e isso robustece as nossas provas”, afirmou o diretor-geral da PF.

O escândalo envolve a venda ilegal de joias que deveriam ser incorporadas ao acervo da União, mas foram omitidas dos registros oficiais, incluídas no estoque pessoal de Bolsonaro e negociadas para enriquecimento ilícito.

Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF. Foto: reprodução

Os documentos do FBI, conforme revelado pela GloboNews, indicam que o advogado Frederick Wassef recomprou um relógio da marca Rolex dado a Bolsonaro por livre e espontânea vontade, contradizendo a versão do próprio advogado. Wassef, que afirmou não conhecer o general Lourena Cid, pai de Mauro Cid, alega que as informações do FBI não apresentam nada que ele já não tenha admitido.

Mauro Cid, em sua delação, admitiu entregar parte do dinheiro proveniente da venda das joias ao ex-presidente Bolsonaro. Ele acreditava que a venda das peças poderia ser considerada imoral, mas não ilegal. A PF já identificou movimentações financeiras ilegais, e os participantes serão responsabilizados ao final das investigações.

O escândalo das joias também se conecta a outras denúncias feitas por Cid, incluindo seu envolvimento no esquema de fraudes nos cartões de vacina e alegações sobre o “gabinete do ódio” no Palácio do Planalto.

Na entrevista à CNN, o diretor-geral da PF também acusou Bolsonaro de interferir politicamente na instituição. Rodrigues destacou a instabilidade causada por mudanças frequentes no comando da PF, afirmando que essas ações indevidas resultaram em um “bloqueio de ações” que comprometeu as atividades da PF.

“Eu me refiro especialmente à instabilidade. E à interferência política na nossa instituição”, enfatizou Rodrigues. Suas palavras ecoam as preocupações levantadas anteriormente por Sergio Moro ao deixar o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.

Durante o mandato de Bolsonaro, houve quatro mudanças no comando da Polícia Federal, sendo uma das mais notáveis a saída de Maurício Valeixo, em meio a uma disputa com Moro, então ministro da Justiça.

Em 2020, durante uma reunião com os ministros do governo, o então presidente afirmou que faria todas as alterações que quisesse no comando da PF. “Vou não esperar f*der minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar ‘segurança’ na ponta da linha”, disse na ocasião.

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