FHC diz que sai do PSDB se o partido apoiar Bolsonaro. Doria e os bolsonaristas dão risada. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 30 de novembro de 2018 às 16:37
FHC

Fernando Henrique continua com um problema de timing e de noção política que só o oportunismo e a cegueira explicam (não vale falar que é a velhice).

À Veja, o “elder statesman” (pelo menos para o jornalista Mario Sergio Conti) de 87 anos afirmou que é hora de “paciência histórica”.

(…) O país vive um período de transição, com o fim de um ciclo iniciado na Constituição de 1988, em que os partidos criados falharam em representar os anseios da sociedade. FHC afirma ser exagero ligar o governo Bolsonaro a um movimento “fascista”, apesar da migração das forças políticas para a direita.

O tucano prega a construção de um “centro radical” para se opor a medidas extremas e declara que, se o PSDB não ocupar esse papel, ele não vê razões para continuar no partido. “Se o PSDB virar uma sublegenda do governo, qualquer governo, estou fora.”

Os tucanos foram dizimados e desconfigurados em 2018. Pagaram a conta do embarque no golpe contra Dilma.

Alimentaram movimentos indigentes, pegaram carona em milícias como a do MBL, deram voz e palanque a indigentes mentais.

FHC não esboçou nenhum gesto para tentar conter seus aloprados e as consequências de um discurso antipetista irresponsável.

Silenciou diante da perseguição a Lula. Deixou Aécio Neves, Carlos Sampaio e outros barbarizarem.

O homem forte da legenda, hoje, é João Doria, que rifou o criador Alckmin e se pendurou em Jair Bolsonaro com um discurso fascistoide débil mental para eleger-se governador de São Paulo.

Ganhou em São Paulo por uma margem estreita de um desconhecido como Márcio França.

Faz todo sentido, dada a cavalgada do PSDB em direção à extrema direita, que se alinhe com as hordas bolsonaristas.

Isso ocorreu debaixo do nariz de seu presidente de honra.

FHC podia ter declarado apoio a Haddad no segundo turno.

Preferiu, como de hábito, ficar em cima do muro (ao contrário do velho companheiro Alberto Goldman, que tapou o nariz e votou em Haddad).

A chantagem de Fernando Henrique vem tarde demais.

Quem manda atualmente no poleiro sabe que ele não deve ser levado a sério faz tempo.