O vereador Maikon Costa (PL), de Florianópolis, apresentou um projeto na Câmara do município para conceder o título de “Cidadão Honorário” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar é filho de Valter Lima da Costa, homem que gravou um vídeo que circulou durante as eleições fazendo ameaças ao então candidato Lula (PT). Relembre no final da página.
Na proposta que embasa a tentativa de conceder a honraria a Bolsonaro, Maikon Costa cita, entre outras coisas, que o ex-presidente “se destacou na defesa dos valores cristãos e da família”. No texto do projeto estão transcritos alguns discursos do ex-mandatário quando viajou para Santa Catarina. A proposta menciona como “feito” de Bolsonaro no Estado uma motociata realizada em agosto de 2021, que causou transtornos no trânsito de Florianópolis.
O vereador cita, no projeto, que Bolsonaro recebeu o título de cidadão honorário do município de Anguillara Veneta, na Itália, país para o qual é cogitada pela imprensa uma possível fuga do ex-chefe do Executivo na possibilidade de condenação por eventuais crimes, caso não consiga se manter nos Estados Unidos.
Na parte final, a proposta afirma que Bolsonaro tem “vinculação” com Florianópolis “por segurança, turismo e pesca”. “Pela sua contribuição na prestação de relevantes serviços que concorrem desta forma para o engrandecimento do município, do estado e da nação, cabe essa singela homenagem, agraciando-o com o título de cidadão honorário de Florianópolis”, encerra o texto assinado pelo parlamentar. O projeto está na Comissão de Educação da Câmara de Vereadores da cidade, por onde tramitam honrarias do tipo.
O pai de Maikon, Valter Lima da Costa, virou notícia nacionalmente durante a campanha eleitoral de 2022 por um vídeo em que, vestindo roupas de “camuflagem” e boné com o nome de Bolsonaro, fez ameaças contra Lula enquanto segurava uma espingarda. “Olha só o que está te esperando aqui, Lula”, disse. Nas imagens, o pai do parlamentar que quer homenagear Bolsonaro anuncia o próprio endereço: “Moro no Albardão, 4900”. Valter afirma estar em Florianópolis no vídeo, mas a localização citada por ele fica em Palhoça, município a 20 quilômetros da capital catarinense.
“Tenho 10 hectares de terra, não está produtiva. Gostaria muito que tu viesses invadir, Lula, como tu falasse que ia invadir a casa dos nossos deputados, pra incomodar. Tá aqui pra você, tá vendo aqui?”, afirmou Valter, enquanto exibia a arma. “Lula, tu já tás acabado, cara. Deu pra ti. Olha só o que tá te esperando aqui. No Albardão, Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina te esperando”, diz o pai do vereador no vídeo. Na época, a equipe da Polícia Federal que fazia a segurança de Lula chegou a pedir à corporação que Valter Lima da Costa fosse investigado.
Maikon Costa é um vereador que, recentemente, deu uma guinada em sua carreira política para o bolsonarismo. Durante a campanha eleitoral de 2022, quando se candidatou sem sucesso para deputado federal, ele foi preso duas vezes, uma por desobedecer policiais no comitê de campanha do seu partido e outra por boca de urna no dia da votação. Relembre abaixo o vídeo que viralizou do seu pai ameaçando o então candidato a presidência Lula. É possível perceber, no final da gravação, que Valter tem dificuldades para manusear a arma e atirar.
Valter Lima, pai do vereador da Capital Maikon Costa, do partido de Bolsonaro, grava vídeo armado ameaçando Lula caso o presidenciável "invada seus 10 hectares de terra improdutivos".
No final do vídeo, Valter Lima diz que está esperando Lula e em seguida dispara a arma. pic.twitter.com/ic9I2xfWOP
— Lucas Almeida (@Ldemocratiza) October 14, 2022
O homem que ameaça Lula, assim como políticos bolsonaristas de Santa Catarina, tentam com frequência passar a impressão de que o petista não é bem-vindo no Estado. O atual governador, Jorginho Mello (PL), foi um dos que, durante a campanha eleitoral, deu declarações nesse sentido. No entanto, a diferença de votos entre Lula e Bolsonaro na capital Florianópolis não foi tão grande assim. No primeiro turno, o resultado foi de 45% para Bolsonaro contra 42% de Lula. Na segunda etapa do pleito, o então presidente recebeu 53,33% contra 46,67% do petista.