Filho de Ônyx Lorenzoni apresenta PEC para perpetuar verso racista no hino do RS

Atualizado em 4 de julho de 2023 às 23:13
Rodrigo Lorenzoni falando, com copo de chimarrão na mão
O deputado estadual Rodrigo Lorenzoni (PL) – Reprodução

Renato Levin-Borges, professor de filosofia conhecido como Renato Judz, utilizou as redes sociais para criticar a Proposta de Emenda Constitucional 295/23, de autoria do deputado estadual Rodrigo Lorenzoni (PL), que visa manter “a proteção constitucional aos símbolos [do Rio Grande do Sul] e condiciona qualquer alteração a um referendo, ou seja, ao voto da população gaúcha”.

“Rodrigo Lorenzoni, deputado estadual pelo PL, filho de outro bolsarista ferrenho, o famigerado Onyx Lorenzoni, propôs uma emenda constitucional para tornar símbolos do RS imutáveis. A estratégia surge dos questionamentos de trechos racistas do hino gaúcho questionados na casa, sobretudo por aqueles que ficaram conhecidos como ‘bancada negra’ do RS e que estão agora deputados estaduais, principalmente Matheus Gomes (PSOL-RS), Bruna Rodrigues (PCdoB-RS) e Laura Sito (PT-RS)”, iniciou o doutor.

No Twitter, ele disse que a intenção da extrema direita gaúcha é conseguir usar o embate para ampliar sua base e controlar a narrativa: “Relacionando o debate justo e importante sobre termos racistas em ‘mimimi’ da esquerda. Todo mundo com um mínimo de conhecimento sabe que símbolos nacionais e regionais não brotam da terra e foram criados em algum momentos, assim como eles são modificados com o tempo”.

“O que Lorenzoni e os bolsonaristas gaúchos querem é jogar a população contra uma demanda importante do movimento negro e o ponto central é a parte da letra no qual se canta ‘povo que não tem virtude, acaba por ser escravo’ dando a entender por óbvio que os escravizados não eram possuidores de virtude”, continuou Renato Judz.

Por fim, o professor de filosofia divulgou um manifesto contra o hino considerado racista: “Na ordem da análise de discurso, o trecho reproduz estigmas racistas. É importante o apoio ao debate e a retirada de trechos problemáticos do hino. Quem puder e quiser, pode assinar o seguinte manifesto”.

Abaixo, o trecho do hino que desperta a polêmica:

Mas não basta, pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo

O entendimento do movimento negro é que os versos “povo que não tem virtude acaba por ser escravo” é ofensivo, uma vez que a escravidão atingiu os africanos, e por isso deveria ser alterado.

No último dia 28, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul anunciou que Rodrigo Lorenzoni convidava a população gaúcha a manifestar apoio a PEC. “A nossa mobilização é fundamental para evitar que a extrema-esquerda derrube a PEC. Queremos garantir que nossa tradição e nossa história sigam sendo motivo de orgulho, sigam sendo reverenciadas por todos nós e, assim, reconhecendo sua importância, a gente compreenda nosso presente e projete um futuro de cada vez mais amor e orgulho de ser gaúcho”, justificou o parlamentar.

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