Foi a Gabriela. Podia ser minha enteada. Por Mauro Beting

Atualizado em 10 de julho de 2023 às 18:40
A palmeirense Gabriela Anelli. Foto: Reprodução

 

Gabriela estava na fila para entrar em um estádio de futebol. Para ver o time do coração dela e da família. Ela tinha 23 anos. Um pouco mais velha do que minha enteada que, quase na mesma hora, estava do outro lado do mesmo estádio entrando para ver com a minha mulher o mesmo jogo.

Os meus dois amores voltaram para casa na mesma noite. Gabriela, não. Foi internada na Santa Casa para tentar cuidar do pescoço cortado por uma garrafa atirada provavelmente por um torcedor do clube visitante e rival.

Não importam os clubes.

Gabriela partiu hoje.

O Palmeiras postou em suas redes mensagem de luto por sua torcedora. Reprodução Twitter

Não conseguiu resistir aos ferimentos de uma garrafa atirada por uma pessoa que não gosta do time de Gabriela. Como talvez ela também não gostasse do time de quem atirou.

A diferença brutal é que é possível não gostar de alguém, de vários, de uma instituição. Mas é possível respeitar. E é necessário não agredir. Não atacar. Não ser covarde ao atirar um objeto cortante.

É essencial não ser criminoso.

Assassino.

Não há outro termo para alguém que atira em direção a pessoas inocentes uma garrafa de vidro. E por motivo de… Futebol.

Foi a Gabriela. Podia ser minha enteada. Minha mulher.

Qualquer pessoa.

Estamos perdidos.

E perdendo vidas.

Algo que os responsáveis pelo futebol precisam rever.

Todos nós.

Até mesmo em nossos discursos. Textos. Falas. “Polêmicas”. Virulências que geram violências.

Sejamos mais responsáveis.

Sigo contra a institucionalização da intolerância que é a torcida única nos estádios. Mas, em um momento desses…

Publicado originalmente no Facebook do autor

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