Folha mente mais uma vez. Por Moisés Mendes

Atualizado em 23 de março de 2024 às 22:13
Publicação da Folha de S.Paulo. (Foto: Reprodução)

A Folha de São Paulo era o único jornal brasileiro a insistir, no sábado, que as esquerdas haviam realizado atos contra Bolsonaro.

Esta era a manchete mentirosa da Folha no final da tarde:

“Esquerda faz atos esvaziados contra Bolsonaro sob distanciamento de Lula”

Ninguém chamou atos contra Bolsonaro. Aconteceram manifestações nas capitais, anunciadas desde o começo como Dia Nacional de Mobilização.

A pauta de partidos, centrais sindicais e dos movimentos sociais era quase sempre a mesma no material de divulgação em todo o Brasil: pela defesa da democracia e da memória dos perseguidos pela ditadura, pela condenação dos golpistas, pelos palestinos e contra o genocídio imposto pelos neonazistas israelenses em Gaza.

Eu fui à Praça Uruguai, na prefeitura de Porto Alegre. Vi cartazes, faixas e bandeiras com esses apelos (foto). Não vi um cartaz, não vi nada com o nome de Bolsonaro ou algo que sugerisse pedido de cadeia para Bolsonaro.

Nada, nada, nada. Zero. Ouvi algumas falas de quem subiu num caminhão, e quase todos se referiram ao que estava anunciado. Falaram principalmente em defesa da democracia, com ataques à ditadura e a exaltação da resistência.

Não havia nada, nada, nada que pudesse sugerir algum confronto com Bolsonaro. Nem que as manifestações fossem, como a Folha insinuou, uma resposta à aglomeração de Silas Malafaia no dia 25 de fevereiro na Avenida Paulista.

Não vi ninguém gritando que Bolsonaro deve ser preso. Porque Bolsonaro é um problema do sistema de Justiça. Falei com gente que comentava em grupos a situação dos militares e seus desmaios. Mas nada sobre cadeia para Bolsonaro.

E a Folha vem com essa mentira, mesmo que possa ter acontecido, como exceção, alguma manifestação localizada contra Bolsonaro. Mas onde a Folha identificou um ato contra o chefe do golpe fracassado?

A reportagem não cita. Mas insinua que o PT e as esquerdas não conseguiram, em número de participantes, dar uma reposta ao fascismo com uma megamanifestação para atacar Bolsonaro.

Ninguém esperava uma megamanifestação. Atos gigantes, como o de Malafaia, são viabilizados por igrejas, dinheiro, ônibus, lanches e um Deus que se disponha a ficar acima disso tudo.

A própria esquerda reconhece que a extrema direita é que tem hoje capacidade de mobilização de tios e tias em nome da fé e do golpe.

O que aconteceu no sábado em várias cidades foi o encontro de pessoas que desejam continuar se encontrando, mesmo que em grupos pequenos. Como foi em Porto Alegre, onde se reuniram possivelmente menos de mil pessoas.

Qual é o problema? Nenhum. O que importa é que muitos saíram de casa para falar do Brasil e do combate ao fascismo numa tarde agradável. Ninguém foi lá para falar da prisão de Bolsonaro.

Quem tem o direito e o dever de pedir cadeia para o chefe do golpe fracassado é Alexandre de Moraes.

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ARGENTINA
Megamanifestação mesmo acontecerá neste domingo em Buenos Aires e nas grandes cidades argentinas, no Dia da Memória, da Verdade e da Justiça.

É o que ocorre todos os anos, em 24 de março, data do início da ditadura que derrubou Isabelita Perón em 1976.

O presidente argentino Javier Milei. (Foto: Reprodução)

A Argentina verá algo grandioso, até porque Javier Milei já anunciou, como provocação, que largará uma nota oficial do governo dizendo que o país não enfrentou uma ditadura, mas uma guerra.

Pelo tamanho do ato, com caminhadas pelas ruas, espera-se que a repressão chegue ao pico, em número de policiais e em intensidade. O domingo será agitado em Buenos Aires.

Originalmente publicado em Blog do Moisés Mendes

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