Fonte dos “bebês decapitados” é colono israelense radical que pregou “aniquilação” de vila palestina

Atualizado em 11 de outubro de 2023 às 22:05
David Ben Zion em um vídeo de num assentamento (à esq.) e depois de dizer ao canal i24 que encontraram bebês decapitados pelo Hamas

Após um soldado israelense contar a uma repórter de TV que militantes do Hamas “decapitaram bebês” no kibutz de Kfar Aza, essa afirmação controversa foi amplificada por Joe Biden, Netanyahu e a mídia internacional.

Segundo “relatos”, militantes palestinos realizaram “execuções ao estilo ISIS”, degolando pessoas, incluindo bebês e animais de estimação. Nenhuma imagem apareceu até agora. As Forças de Defesa de Israel não confirmaram a notícia.

Muitos questionaram a veracidade das alegações, incluindo repórteres que estavam no local. O jornalista Oren Ziv, por exemplo, mencionou que durante sua visita ao kibutz não viu evidências de tais alegações.

O site Grayzone identificou a fonte da fake news como sendo David Ben Zion, um colono radical e também um comandante do Exército israelense. Zion já incitou tumultos exigindo que uma cidade palestina fosse “aniquilada”.

“A aldeia de Huwara deve ser exterminada, este lugar é um ninho de terror e o castigo deve ser para todos”, declarou em entrevista.

Ele também é conhecido por suas posições extremistas nas redes. Divulga visões apocalípticas em relação aos palestinos.

“Chega de falar sobre a construção e o fortalecimento dos assentamentos”, escreveu no Twitter em 26 de fevereiro de 2023. “Não há espaço para misericórdia”.

O tuíte de Ben David foi “curtido” pelo então Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, o que levou 22 juristas a apelar ao Procurador-Geral para abrir uma investigação contra ele por “induzir crimes de guerra”.

David em 2015, segurando o microfone para o colono fanático Noam Livnat, autodenominado “messiânico radical de direita”

Huwara foi na época alvo de tumultos violentos por parte de colonos que operavam sob a supervisão de Ben David. Após os ataques, que resultaram no incêndio de dezenas de casas e veículos, bem como em feridos, o Hamas caracterizou o ato como uma “declaração de guerra”.

Ben David também prega a destruição de Gaza. Dias depois de Israel lançar a Operação Margem Protetora, o bombardeio de 50 dias contra Gaza que deixou quase 1 500 civis palestinos mortos, ele publicou no Facebook uma fotografia sua e de outros soldados em frente à artilharia. “A nação de Israel está convosco até ao fim (de Gaza). Amém”, respondeu um seguidor. Ben David, mais uma vez, “curtiu”.