Após um soldado israelense contar a uma repórter de TV que militantes do Hamas “decapitaram bebês” no kibutz de Kfar Aza, essa afirmação controversa foi amplificada por Joe Biden, Netanyahu e a mídia internacional.
Segundo “relatos”, militantes palestinos realizaram “execuções ao estilo ISIS”, degolando pessoas, incluindo bebês e animais de estimação. Nenhuma imagem apareceu até agora. As Forças de Defesa de Israel não confirmaram a notícia.
Muitos questionaram a veracidade das alegações, incluindo repórteres que estavam no local. O jornalista Oren Ziv, por exemplo, mencionou que durante sua visita ao kibutz não viu evidências de tais alegações.
"They chopped heads of children and women," says David Ben Zion, Deputy Commandee of Unit 71 to our @Nicole_Zedek, while reporting from the massacre in Kfar Aza in southern Israel pic.twitter.com/IHSB0ywMbF
— i24NEWS English (@i24NEWS_EN) October 10, 2023
O site Grayzone identificou a fonte da fake news como sendo David Ben Zion, um colono radical e também um comandante do Exército israelense. Zion já incitou tumultos exigindo que uma cidade palestina fosse “aniquilada”.
“A aldeia de Huwara deve ser exterminada, este lugar é um ninho de terror e o castigo deve ser para todos”, declarou em entrevista.
Ele também é conhecido por suas posições extremistas nas redes. Divulga visões apocalípticas em relação aos palestinos.
“Chega de falar sobre a construção e o fortalecimento dos assentamentos”, escreveu no Twitter em 26 de fevereiro de 2023. “Não há espaço para misericórdia”.
O tuíte de Ben David foi “curtido” pelo então Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, o que levou 22 juristas a apelar ao Procurador-Geral para abrir uma investigação contra ele por “induzir crimes de guerra”.
Huwara foi na época alvo de tumultos violentos por parte de colonos que operavam sob a supervisão de Ben David. Após os ataques, que resultaram no incêndio de dezenas de casas e veículos, bem como em feridos, o Hamas caracterizou o ato como uma “declaração de guerra”.
Ben David também prega a destruição de Gaza. Dias depois de Israel lançar a Operação Margem Protetora, o bombardeio de 50 dias contra Gaza que deixou quase 1 500 civis palestinos mortos, ele publicou no Facebook uma fotografia sua e de outros soldados em frente à artilharia. “A nação de Israel está convosco até ao fim (de Gaza). Amém”, respondeu um seguidor. Ben David, mais uma vez, “curtiu”.